Resenhas

Edwyn Collins – Understated

Cantor mostra que ainda consegue produzir músicas de boa qualidade em seu novo registro

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Ano: 2013
# Faixas: 11
Estilos: Indie, Alternative Rock
Duração: 41:08
Nota: 4.0

A maioria dos fãs brasileiros de Edwyn Collins – se eles existirem – deverão lembrar-se da relativa rotatividade que A Girl Like You, lançada em 1994, teve em algumas rádios/MTV. Ele lançava então seu terceiro disco, Gorgeous George, até hoje o melhor de sua carreira, e a canção era uma homenagem sonora a Iggy Pop. Lá fora, no entanto, Edwyn é conhecido como o ex-frontman do grupo escocês Orange Juice, que se desfez em 1984, após lançar um único disco. Após relutar em assumir uma carreira solo e passando boa parte do restante da década de 1980, Collins soltou seu primeiro álbum, Hope And Despair em 1989.

Cinco anos depois, no colo do sucesso de A Girl Like You, ele se tornaria uma celebridade menor mas seu perfeccionismo o faria lançar novo trabalho três anos depois, com I’m Not Following You que, apesar de boas críticas, falhou em conquistar uma audiência maior além dos domínios do Reino Unido. Em 2002 viria Doctor Syntax, seu quinto disco, novamente bem aceito junto aos críticos mas restrito apenas à sua base de fãs. Em 2005 veio o inesperado: Collins sofreu duas hemorragias severas no cérebro e perdeu grande parte da capacidade de cantar e tocar. Pouco antes ele havia gravado novas canções, que viram a luz do dia em 2007, no disco Home Again. Enquanto isso, ele procurava recuperar-se de todos os jeitos, e, para surpresa geral, lançou novo disco em 2010. Saudado como um triunfo e com a participação de amigos, Losing Sleep mostrou ao mundo que Collins se recuperava bem dos problemas neurológicos e prometia um retorno em grande forma num curto espaço de tempo. Este retorno surge agora, com Understated.

Se a voz de Edwyn já não parece ter a mesma força dos anos 90, ele soube converter seu registro numa sofrida e frágil lamúria, que demonstra o nível das cicatrizes existentes. A grande novidade é que o disco é cheio de canções legais, dotadas de ganchos pop, melodias memoráveis e arranjos bacanas, além da participação do venerável Paul Cook, ex-Sex Pistols, na banda que o acompanha ao longo do disco. Saltam aos ouvidos as sensacionais Carry On, Carry On e Too Bad (That’s Sad), que parecem saídas de alguma sessão da Motown nos anos 60. Além delas, 31 Years é uma singela homenagem ao tempo de carreira, cantada num registro muito próximo de David Bowie, euquanto uma balada singela, cheia de violões dedilhados, Love’s Been Good To Me, encerra essa pequena tour de 11 músicas pela vida atual de Edwyn Collins. Independente de qualquer adversidade, o sujeito conseguiu superar limitações e mostra-se renovado, pronto para mais discos e canções belas. Vamos acompanhar.

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.