Elliphant está dentro de uma categoria bastante controversa. Muitos ainda persistem em colocar Ellinor Olovsdotter e a maioria das cantoras escandinavas em um agrupamento separado do Pop, como se o que fizessem fosse de alguma forma maior ou mais relevante do que a produção mainstream do eixo americano. Com o lançamento de um EP e um disco em 2014, fica cada vez mais claro que ficar dividindo as divas Pop em categorias geográficas é apenas uma conveniência logística, pois, na essência, todas estão familiarizadas com o Pop com “p” maiúsculo. Independente de você gostar ou não, o gênero é poderoso e, quando um artista adere a um universo extremamente versátil e traiçoeiro, há algumas preocupações e cuidados a serem tomados. Cuidados estes que Elliphant demonstra ter pleno conhecido, produzindo um álbum saudável às diversas experiências do Pop.
Living Life Golden é um disco produzido por muitas mãos e, quando se escolhe produzir algo desta maneira as coisas podem ficar um pouco heterogêneas demais. Felizmente, o time de produtores em questão conseguiu fazer um bom trabalho no que diz respeito a encontrar expressões que não desrespeitassem o conceito total do disco e que criassem alguma cadência, construindo picos de relevância pelos pouco mais de quarenta minutos de reprodução. É um disco eclético, construído minuciosamente sobre o olhar da igualmente eclética Elliphant. Tem de tudo: Dub, Indie Pop, Música Eletrônica, Trap, Synthwave. Mas, no final das contas, é a natureza das construções Pop que fazem este trabalho ser o que é: camaleônico.
Elliphant entede seu papel enquanto intérprete e, por meio de um processo árduo de maturação de artística (que ainda encontra alguns defeitos genéricos), produz um álbum que agrada desde o ouvinte que só quer ouvir uma música para dançar até aquele que gosta de estudar os arranjos e perceber os timbres usados em cada música. Parcerias ótimas como a faixa Everybody com rapper Azealia Banks e Where Is Home com Twin Shadow são bons exemplos de como a cantora e compositora tenta preencher estas duas lacunas do Pop: originalidade e envolvência.
Um trabalho Pop com mais acertos do que erros.