Resenhas

Eric Clapton – Old Sock

Apesar de belos covers, disco só traz duas músicas inéditas e soa entre homenagem e obra saudosista. Além do Blues, canções passeiam entre o Jazz, Reggae e Soul

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Ano: 2013
Selo: Bushbranch/Surfdog
# Faixas: 12
Estilos: Blues Rock, Reggae, R&B
Duração: 54:08
Nota: 3.0
Produção: Eric Clapton/Doyle Bramhall II/Justin Stanley/Simon Climie

Já com seus 50 anos de carreira e 21 discos lançados até o momento, Eric Clapton já passou pelo Psicodélico, Blues, Reggae, Jazz, Country e Soul sempre se sentindo confortável, tanto nas letras quanto no instrumental. É justamente essa a tônica de Old Sock, o resgate e, ao mesmo tempo, apresentação de algumas de suas influências e referências do mundo da música, sendo essas representando dez das doze faixas do disco, com apenas duas músicas inéditas.

Com um clima acolhedor, Old Sock faz jus ao seu nome, parecendo uma meia velha, ou como dizemos por aqui um chinelo velho, daqueles que te proporcionam bom conforto. Talvez isso seja fruto do seu final de tempo de turnê, visto que Clapton anunciou que encerrará as suas atividades em turnês ao completar 70 anos de idade, ou seja, daqui a dois anos.

Começando pelas inéditas, observamos em Gotta Get Over um single encorpado, com vocais fortemente entoados e acompanhados de coros femininos ao fundo. E, é claro, a guitarra blueseira de Clapton não poderia faltar, sempre muito bem trabalhada pelo mestre, que sempre sabe extrair de seu instrumento as mais variadas emoções desde arrepios a choros entre uma palhetada e outra. Uma faixa tipicamente Clapton. A segunda inédita, Every Little Thing, aparece mais para o final do álbum e se apresenta como uma balada bem animada e com energias positivas. O coro infantil ao final a torna ainda mais doce e encantadora. As duas faixas inéditas vieram redondas e com as características e o selo de qualidade que já estamos acostumados a ver em seus trabalhos.

Os covers são executados em sua grande maioria com grande similaridade às versões originais. Apenas em três das dez faixas revisitadas é que observamos uma intervenção do músico. A primeira delas é Born To Lose. A triste e amarga canção de Ray Charles ganha guitarras com sustains resultando em um choro provindo das cordas, combinando muito bem com a temática da canção. Your One And Only Man de Otis Redding, aparece em arranjo Reggae, dando outra cara para a versão original do Rei do Soul. A terceira faixa a receber um nova cara é Still Got The Blues, do ex-guitarrista do Thin Lizzy, Gary Moore. Nesta música, Clapton deixa de lado os efeitos de guitarra de Gary e dá mais foco ao órgão – executado por Steve Windwood, antigo parceiro musical de Eric – e ao piano, além de vocais de apoio, deixando a faixa mais levada para o lado do Soft Rock, porém, ainda mantendo a emoção dolorosa da versão original.

O disco ainda conta com mais duas participações além de Winwood; J.J. Cale, autor do hit Cocaine, nos vocais de Angel, e a mais marcante delas, Sir Paul McCartney no baixo e voz de All of Me, uma canção de Standart Jazz já interpretada por inúmeros nomes do estilo, entre eles Louis Armstrong, Billie Holliday e Ella Fitzgerald, e que agora ganha a versão de mais dois grande nomes da história da música.

A análise que podemos extrair de Old Sock é a de um álbum saudosista, seja pela visão de Eric Clapton como músico, relembrando e apresentando ao público suas influências de carreira, como a de um Clapton ouvinte, resgatando e tocando de próprio punho músicas que marcaram também a sua vida pessoal. Apesar de belo, o álbum se torna bem pessoal e não presenteia o fã com novidades, mas funciona como uma homenagem e uma coletânea para alguns ouvintes conhecerem artista importantes do passado.

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Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).