Resenhas

Famy – We Fam Econo

Primeiro álbum da banda aumenta grandiosidade de seus EPs passados

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Ano: 2014
Selo: Transgressive Records
# Faixas: 12
Estilos: Indie Folk, Pop Alternativo, Folk Experimental
Duração: 43:39
Nota: 3.0
Produção: Miti Adhikar

Igrejas são magníficos lugares. Seja por sua arquitetura ou decoração, estas majésticas construções ganham uma aura que atrai fiéis todos os dias ou, ao menos, pesca atenção dos que passam na sua frente. Sua beleza, entretanto, pescou a atenção de músicos que pensaram em utilizar seus grandes espaços a favor da reverberação e de uma sonoridade mais macabra e, ao mesmo, sacra.

Temos vários exemplos dessa apropriação de espaços, como o disco Neon Bible, de Arcade Fire, no qual seus integrantes compraram a igreja em que gravaram o disco inteiro e, mais recentemente, uma session que o quarteto Temples fez em uma capela. Neste mês, um novo registro sacro foi revelado, batizando o primeiro álbum de estúdio da banda Famy.

Gravado em apenas dez dias em uma capela local, We Fam Econo mostra uma nova aura e dimensão quando comparada às músicas escutadas em seu primeiro e curto EP Ava. Aqui tudo parece maior e mais épico. De certa forma, este pequeno registro serviu como uma semente para que, após amadurecida e regada com uma ótima produção de Miti Adhikari, viu um terreno fértil para espalhar seu Folk Pop por áreas maiores, dessa forma, lançando o disco de estúdio.

A reverberação da igreja é explorada bastante em quase todas as composições, mas a faixa de abertura Aux Armes é a responsável por trazer a impressão imediata de amadurecimento do grupo, ainda que estejamos escutando uma progressão de acordes bem comum. Na faixa Beta, as guitarras puras e a percussão marcante, ambas envoltas por um eco único, dão a impressão de que estamos escutando um disco de Glasvegas, mas a melodia de voz mais alegre e edificante traz uma nova perspectiva ao ouvinte. Não temos a depressão disfarçada pelo Pop que ouvíamos nesta última banda e sim, o inverso. O Pop tem elementos levemente depressivos, o que torna o disco até mesmo trágico, mas um trágico belo.

A repetição exaustiva de algumas estruturas dentro das composições pode ser algo que incomode algum ouvinte, entretanto aqui esta repetição trabalha a favor do Pop, mostrando uma característica da música da juventude em meio a novos elementos complementares. Baba, pode repetir várias vezes aqueles mesmos quatro acordes famosos em toda canção popular, mas a ambientação que a harmonia das vozes cria não deixa a música cair em um desgaste típico das canções daquele gênero. É quase como se ouvíssemos uma espécie de The Vaccines Folk.

Portanto, é claro que Famy nos mostra um disco mais maduro e coeso que seus lançamentos passados. Entretanto, ainda temos uma ligação muito forte com estruturas de registros anteriores, ou seja, temos o EP Ava aumentado aqui, porém, ainda assim se trata de uma sonoridade já conhecida. De qualquer forma, é uma estreia extremamente relevante que vale a pena ser escutado principalmente por fãs de um Folk alternativo. Valeu a pena ter ficado de olho neles após nossa coluna Ouça.

Dá vontade de ir à igreja e gravar uns discos assim.

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BOM PARA QUEM OUVE: Local, Glasvegas, Dog Is Dead
ARTISTA: FAMY

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique