Resenhas

Fernando Maranho – Hipercubo

Primeiro trabalho de ex-Cérebro Eletrônico resume sua experiência e musicalidade

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Ano: 2016
Selo: Independente
# Faixas: 11
Duração: 41'
Nota: 3.5
Produção: Renato Cortez

É sempre interessante notar um trabalho de estreia de um músico já conhecido, já que nossas expectativas ficam confusas ao lidarmos com um novato já experiente, um veterano calouro ou como você quiser chamá-lo. O exemplo da vez é Fernando Maranho, que já ouvíamos há um bom tempo na recém-extinta Cérebro Eletrônico e lança-se agora em uma carreira solo muito bem acompanhado, incusive de seus ex-colegas de banda: Hipercubo tem produção de seu comparsa Renato Cortez e Tatá Aeroplano aparece na faixa Seres Simples.

O disco acaba por resumir tanto a musicalidade, quanto a experiência de Maranho. Se a estética tem apenas alguns pontos em comum com sua antiga banda, a maturidade parece vir muito de seu trabalho com ela. Em uma fase menos experimental, o músico parece divertir-se em criar melodias que parecem ter saído de algum cancioneiro do Rock Alternativo brasileiro de algumas poucas décadas atrás, filtrados por uma peneira psicodélica que muito tem a ver com o que vem sido produzido nesse Brasil pós-Os Mutantes. São canções fáceis de agradar esse público, com um teor Pop na medida certa para aproveitar o carisma das composições sem perder o lado mais torto de suas raízes.

Outro índice de sua jornada até aqui é a reunião de nomes que dão as caras ao longo de Hipercubo, como Helio Flanders, Mayana Moura e Gustavo Garde (esse último em duas faixas) completando o time ao lado de Tatá. São elementos que enriquecem o disco com certa variedade e dão suas forças para que Maranho chegue ainda mais longe com um primeiro álbum que ostente sua alcunha na capa.

Por isso também ele chega com um nível prazeroso de despojamento, como se as músicas soubessem o quanto são boas e deixam isso claro sem precisar fazer qualquer tipo de alarde, e sem deixar de se divertir no processo – nada mais do que mais um sinal de maturidade que dificilmente encontraríamos em um trabalho de estreia de um artista que já não viesse de uma carreira de mais de uma década de duração. Isso se reflete na qualidade do disco e no deleite do ouvinte, que perceberá que Hipercubo é um daqueles álbuns que ficam melhores a cada audição.

(Hipercubo em uma música: Seres Simples)

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.