Resenhas

Foals – What Went Down

Quarto disco do grupo britânico inaugura nova fase em sua carreira

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Ano: 2015
Selo: Warner Bros.
# Faixas: 10
Estilos: Math Rock, Indie Rock, Math Pop
Duração: 48'
Nota: 4.0
Produção: James Ford

“Nós queríamos fazer algo sincero, poderoso e urgente, algo que fosse melhor do que os que já fizemos antes e que tudo mais que tem saído por aí – fazer um disco que expressasse exatamente quem nós somos agora”, disse o vocalista Yannis Philippakis em uma recente entrevista. O álbum, é claro, trata-se de What Went Down, quarto na carreira do grupo Foals e que consegue atingir todos os adjetivos colocados pelo músico em sua fala. E, de forma alguma, seria exagero chamá-la de “obra mais madura” já produzida pelo grupo inglês.

Esse novo disco reflete seus antecessores sem exatamente parecer um resgate proposital àqueles determinados momentos da carreira do grupo, muito menos um reflexo involuntário ou uma imposição de cercear-se dentro da zona de conforto. Há elementos de Antidotes (2008), com as vibrantes guitarras vindas do Math Rock, assim como há tendências vindas de Total Life Life Forever (2010) com seu teor mais épico, que surgem de forma bem natural na música do quinteto. Holy Fire (2013), o elo mais próximo, dá as caras aqui não como um motivo de continuação, mas como um ponto de partida. Os elementos mais atmosféricos, ao mesmo tempo que abrasivos, estão de volta através da robustez sonora e urgência que grande parte das músicas carrega e não como um simples modus operandi.

Em uma comparação mais direta, o novo álbum é bem mais agressivo e menos dependente de hits (como os singles My Number ou Inhaler, de Holy Fire) que os demais. Por exemplo, músicas como Birch Tree ou A Knife In The Ocean, que conectam-se o espírito de Total Life Forever, mostram uma potência maior se comparada a esse álbum, além de revelar também uma atenção maior aos detalhes e aos elementos até então pouco explorados pelo grupo, como o sintetizador de Birch Tree. Apesar das semelhanças com outros momentos de sua carreira, What Went Down marca um novo e completamente diferente capítulo na história da banda.

Outro ponto interessante em se pensar na construção do álbum é que boa parte dele foi feito enquanto o grupo estava na turnê de Holy Fire, que durou bastante tempo e também passou pelo Brasil. Ser criado, pelo menos em parte, na estrada muda a forma como ele soa, se não na finalização em estúdio, nas letras e sensação mais sincera que ele passa. Sair de Oxford e rumar a Londres é também um marco importante para a banda. A mudança parece ter desenvolvido uma autonomia maior do grupo em relação às suas raízes, além do fato de que estar em uma nova cidade (ainda mais uma tão grande quanto essa) pode agregar novas referências e trazer novas sonoridades mesmo que de forma inconsciente. A obra, pelo menos em parte, é uma manifestação disso e da nova miscelânea cultural que seus integrantes se encontram.

A produção “transparente” de James Ford e a reclusão na Provença (França) também entram na equação e parecem ter agido no grupo como um casulo. O processo de sair da crisálida gerou esta obra ímpar, que eleva mais uma vez o padrão das produções do grupo com suas texturas e forma inteligente de criar um Rock/Pop através das guitarras. What Went Down torna-se agora o disco mais definitivo da carreira do grupo, um que abrange todo seu repertório, ao mesmo tempo que explora novos horizontes – um álbum sincero, poderoso e urgente, que mostra exatamente quem a banda é neste momento.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts