Resenhas

Francis And The Lights – Farewell, Starlite!

Uma das melhores estreias do ano, com música Pop criativa, participações de peso e boas referências

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Ano: 2016
Selo: KTTF
# Faixas: 10
Duração: 32:00
Nota: 4.0
Produção: Eli Kanat, Daniel Aged, Ariel Rechtshaid, Rostam Batmanglij, Cashmere Cat, Benny Blanco, BJ Burton, Justin Vernon, Francis and the Lights
SoundCloud: /tracks/264304198

O primeiro contato de muitos com Francis And The Lights veio da faixa e do clipe de Friends, com participação de Bon Iver e de Kanye West. Se você é daqueles que gostam de conhecer bandas e artistas antes de todo mundo, não se desespere por não conhecer o projeto que conseguiu reunir nomes desta categoria em uma única música.

Francis Farewell Starlite é o pomposo nome do músico por trás do projeto, e também insiprou o título deste seu primeiro álbum, Farewell, Starlite!. Um trecho da letra do já citado single Friends resume muito bem o que foi a carreira do produtor até aqui: “I’m Francis/ Still dreamin’ of a glory”. Sua carreira como Francis And The Lights começou em 2007 e, até então, um total de quatro EPs foram lançados. O sucesso de público de tais trabalhos parece insignificante para merecer as colaborações de peso que conquistou neste trabalho atual, mas, ao longo desses quase dez anos de trajetória, Francis conquistou fãs de peso como Drake, Chance The Rapper, MGMT e Mark Ronson – todos com quem já colaborou – além dos próprios Bon Iver e Kanye West.

É impossível saber exatamente o que atraiu cada um destes nomes para seu trabalho, mas este primeiro disco apresenta elementos interessantes de um artista que parece desejar uma música Pop mais criativa. Misturando elementos orgânicos como percussão, piano, backing vocals e estalos de dedo com uma produção carregada do uso inventivo de truques de voz – popularizados muito nos últimos anos por seus dois principais colaboradores -, sintetizadores e outros elementos eletrônicos, Francis constrói um som cheio de camadas e difícil de decifrar numa primeira audição.

É interessante observar que, de cara, seu som não se encaixa claramente em gavetas estilísticas e não é fácil pensar em funções específicas para sua música. Não é para dançar como Daft Punk, não serve para levantar a auto-estima como Kanye West, nem para refletir como Bon Iver ou para amar como James Blake e mesmo assim, todos estes nomes são referências óbvias dentro do trabalho de Francis. É claro que música não precisa ter uma função específica, mas isto demonstra o quanto é difícil reagir ao disco num primeiro momento, coisa rara de acontecer na música Pop.

A presença de produtores vindos dos mais diferentes estilos – entre os mais conhecidos, Ariel Rechtshaid, Rostam Batmanglij (ex-Vampire Weekend) e Cashmere Cat – colabora para que cada uma de suas faixas vá por um caminho diferente. Comeback é um R&B de R. Kelly repaginado, a divertida I Want You to Shake é Chromeo do começo ao fim e o disco também passa por momentos em que lembra M83, Bon Iver, Drake e até Phil Collins. Mas o melhor é que, tão fácil quanto apontar tantas referências dentro de um mesmo som, é encontrar uma unidade e uma personalidade em sua música, o que provavelmente ajudou a atrair o interesse de tantos nomes de peso.

Francis And The Lights já começa o jogo com o placar em vantagem ao aparecer ao lado de seus amigos figurões. Só que, com um som inventivo, um uso cheio de sensibilidade da tecnologia que hoje existe à disposição da música e boas referências, ele soube construir um disco coeso, lidou bem com a responsabilidade que lhe foi dada e lançou um dos trabalhos “estreantes” mais interessantes do ano.

(Farewell, Starlite em uma música: Friends (feat. Bon Iver))

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BOM PARA QUEM OUVE: Daft Punk, M83, Bon Iver
MARCADORES: Ouça

Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.