Resenhas

Frankie Cosmos – Close It Quietly

O novo disco de Frankie Cosmos tem 21 músicas que, em sua variedade, exploram os pesadelos e as alegrias da vida millennial com a ajuda de seu inconfundível Indie Rock

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Ano: 2019
Selo: Sub Pop Records
# Faixas: 21
Estilos: Indie Rock, Alt Rock, Indie Pop, Alt Folk
Duração: 39'
Nota: 3.5
Produção: Frankie Cosmos, Gabe Wax

Ao terminar de ouvir pela primeira vez o quarto disco de Frankie Cosmos – um dos “alter egos” da estrela Indie nova-iorquina Greta Kline – imaginei que as 21 músicas desse registro poderiam funcionar muito bem como setlist do seu próximo show. O clima varia entre picos e fossas muito naturalmente, da mesma forma como podemos começar um dia com mais esperança na vida e o terminamos com uma sensação totalmente diferente a respeito da mesma questão. Assim, entre suas faixas expansivas ou calminhas, ela discorre sobre mudanças inevitáveis e reflexões cotidianas. É o caso de “Joke”, por exemplo, que resume a ópera: “Se flores não crescem de maneira organizada, por que eu deveria?”

Antes de lançar Zentropy (2014), Frankie Cosmos já havia lançado cerca de 40 demos em seu Bandcamp, intitulado Ingrid Superstar – apelido que ela já serviu para uma de suas personas artísticas, inclusive. O primeiro lançamento de sua página data de 2009, para se ter uma noção. A partir dali, a artista vem aprimorando o vocabulário idiossincrático de seu projeto que, em paralelo, tem ajudado a expandir as possibilidades sonoras do que se entender por Indie Rock. O aspecto introspectivo – fundamental para seu trabalho – foi lapidado com os anos em turnê. Hoje em dia, ela chega sempre acompanhada da banda composta por  Lauren Martin (synth), Luke Pyenson (bateria) e Alex Bailey (baixo), que também é responsável pela co produção de Close It Quietly.

Voltando para o LP em questão, o que acontece é que, aqui, Frankie Cosmos passou a realmente se colocar como uma banda. Aparentemente, foi-se o tempo em que tratava-se somente das divagações de uma heroína-leitora obcecada por seus livros – vale lembrar: Frankie Cosmos vem do escritor Frank O’Hara. Por isso, as 21 músicas curtas demonstram as diferentes intenções por trás do álbum e costuram todas elas em um só projeto. No primeiro verso de “41st”, ela solta: “Alguém quer ouvir alguma das quarenta músicas que escrevi neste ano?” Aliás, perguntas não faltam em CIQ. Já respostas… São as angústias que qualquer pessoa em seus vinte e poucos anos em 2019 tem que atravessar sendo expostas, vistas, vividas e questionadas. O jeito que Greta encontrou para fazer isso foi tentando descrever e interpretar essas inseguranças em músicas que apostam na estrutura mais básica do Indie Rock: guitarra, baixo, bateria e teclado. E, claro, imbróglios amorosos também entram em cena. Em “Windows”, ela canta: “Me ligue quando você conseguir me ver / Tenho arrependimentos? Certamente”

21 músicas, de cara, parece um exagero. Mas, são nas pequenas nuances que passamos a entender a necessidade de cada uma delas. Todas representam ideias e temas distintos de seu universo e vão conseguir espelhar desde os sentimentos mais pesarosos a respeito de ser millennial até os breves respiros de estabilidade. “Não sou violenta o suficiente para me autodestruir”, “Não é estranho como crescemos em direções diferentes? Agora, eu não te reconheço”, são versos que mostram essas vertentes. São como pequenas poesias. Um tipo de narração similar ao usado pela escritora Miranda July aparecendo nas letras de uma banda abençoada pelo selo Sub Pop Records que, apesar de estar profundamente marcado por seu trabalho com o Nirvana, só conseguiu se reinventar na música de guitarra por ter priorizado grupos com frontwomans de calibre – Bully, Downtown Boys, Marika Hackman e Sleater-Kinney. Frankie Cosmos faz parte desse bonde e seu novo disco está aqui para te acompanhar em mais uma nova fase da vida. Sempre crescendo desde quando a ouvi pela primeira vez em “School” de Zentropy. “Todos os seus amigos estão bêbados e correndo soltos. Todos os meus amigos estão deprimidos.”

(Close It Quietly em uma música: “Never Would”)

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