Frankie Cosmos é o projeto liderado por Greta Kline, artista que se situa em uma linha genealógica fácil de identificar: a de cantautores norte-americanos influenciados pelo Rock Alternativo dos anos 90. E assim como acontece com os artistas mais interessantes que compartilham essa herança, por mais que sua sonoridade seja reconhecível, há sempre algo de único na música que estes oferecem, que é uma visão pessoal, íntima e poética de fatos do cotidiano.
Como de praxe, seu Bandcamp está abarrotado de álbuns gravados em casa. Já faz algum tempo, no entanto, que Frankie Cosmos adentrou paragens mais profissionais: Vessel é seu terceiro álbum gravado em estúdio, e dispõe de uma produção mais encorpada do que um registro caseiro, patrocinada pelo selo Sub Pop. Apesar disso, mantém-se intacto um ar independente e despretensioso.
Kline tem 24 anos de idade e mostra uma desenvoltura na hora de compor que dá a entender que a jovem passou a maior parte de sua adolescência e vida adulta com um violão no colo, com um caderno na bolsa, sempre experimentando, sem compromisso, uma articulação artística da vida em tempo real. Sua poesia brota clara, cheia de substantivos, quase sem embaraços.
E quando digo “quase” é apenas porque uma das características mais marcantes de sua música é uma espécie de ansiedade social, um tom introvertido de quem não sabe muito bem lidar com enrolações amorosas, burocracias comportamentais e assim por diante. A voz de Kline é afinada, mas parece sair receosa, quase a contragosto, fato que acaba intensificando os maneirismos do estilo musical que escolheu.
As 18 faixas que beiram os dois minutos de duração dão a entender que estas pretendem um efeito imediato, prezando mais pelo impulso criativo do que pelo artesanato das canções. Funciona, e Frankie Cosmos aos poucos se coloca ao lado das bandas que são mestres em manipular o tédio, as pequenas magias da vida ou as decepções do mundo em nome da música.
(Vessel em uma música: Caramelize)
