Resenhas

G.O.O.D Music – Cruel Summer

Kanye West apresenta o line up de seu selo musical com um disco repleto de ótimas músicas de Hip-Hop e R&B

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Ano: 2012
Selo: G.O.O.D Music / Def Jam
# Faixas: 12
Estilos: Hip-Hop, R&B
Duração: 54:30
Nota: 4.0
Produção: Hit-Boy/ Hudson Mohawke

Cruel Summer não é um álbum de Kanye West, mas um trabalho feito com ele. G.O.O.D Music é um grupo liderado/influenciado pelo rapper e tem nele a participação de diversos músicos ligados ao selo de mesmo nome. Com foco em R&B e Hip-Hop, os domínios destes artistas, o disco é uma bela coletânea sob curadoria de West.

Jay-Z, Pusha-T, John Legend e R-Kelly são alguns dos nomes mais conhecidos que dão as caras na obra, assim como outros que tentam demonstrar o seu talento e alcançar um lugar ao sol, como Judakiss, 2 Chainz e Cyhi The Prynce. West dá o tom em diversas músicas, aparecendo em momentos oportunos e quase sempre saindo vencedor.

Cold abre o disco, um tiro certeiro e única música solo de Kanye. O estilo de rimar do rapper escorre por uma canção com uma batida rápida que alia sintetizadores, uma bateria minimalista e uma baixo bem dosado. Nas letras, o cotidiano dele é abordado com naturalidade : dono de um selo musical, jantar com modelos, participação em reality shows. Vida difícil.

Bliss tem John Legend e Teyana Taylor, dona da voz de músicas como Dark Fantasy e Hell of a Life, ambas do último disco de West. Os vocais dão o tom R&B de uma música estruturada no Rock com uma bateria altíssima e guitarras sintetizadas. A contraposição entre uma voz feminina e outra masculina auxiliam esta música, que pode ser considerada um dos grandes momentos do álbum.

To The World, com Kanye e R-Kelly, é talvez o momento mais comercial do disco. Este R&B tem a estrutura consolidada para baladas com West rimando enquanto Kelly traz os vocais melosos e grudendos. Muito bem produzida, tem cheiro de rádio e deve ficar ecoando na sua cabeça durante um bom tempo. Vale ressaltar que o rapper “ganha” a música com sua participação curta, mas notável.

The One é a balada do disco com voz feminina de Marsha Ambrosius em um refrão Pop: “The storm is on the horizon/I’m standing here alone/I gotta a pistol on my hip and it is gonna be some shit”. Kanye mais uma vez aparece rapidamente e Big Sean e 2 Chainz encaixam bem os seus raps. O piano que a conduz contrasta com a bateria militar, criando uma música épica e emotiva.

Entretanto, são nas canções focadas no Hip Hop que o disco ganha destaque. Mercy, single de estreia, tem uma batida badass que ecoa no interlúdio, bizarro e bom, feito por Fuzzy Jones. Kanye parece que vai perder o fio da meada quando muda o tom da música em sua metade. Entretanto, alguns poucos versos são necessários para nos darmos conta de sua genialidade. Pusha-T aparece pontualmente, contribuindo muito para a música.

Clique tem “os donos do trono” West e Jay-Z. Sua batida minimalista, com uma baixo marcado e bateria crescentes, tem uma pegada noturna e feita para explodir amplificadores de som. A química entre os dois flui da mesma forma que em Watch The Throne. O acréscimo do novato, Big Sean, é muito bem-vindo com este mostrando o seu valor de verdade pela primeira vez no disco.

New God Flow é a melhor música do disco. Sua batida no piano com uma bateria dando o groove certo e um baixo que conduz pontualmente são marcas dessa ótima música. Kanye West, Pusha-T e Ghostface Killah fazem os quase seis minutos de canção fluirem como um pensamento contínuo. O último aliás é quem tem a melhor participação neste trio sem coadjuvantes.

Infelizmente, nem tudo funciona bem. Kid Cudi é o único artista além de Kanye a ganhar uma faixa solo, talvez para que ele volte a encontrar os seus bons momentos. Entretanto, faz uma canção preguiçosa, Creeper, com letras tão fracas que nos levam a pensar no que esse artista está fazendo com sua carreira. Higher soa muito simplista e traz o único momento fraco de Hip-Hop do disco. As participações The Dream e Pusha-T não conseguem salvar a música que tem uma quebra de ritmo sem nenhum sentido no final.

Sin City começa muito bem, mas aos poucos vai se mostrando mais excêntrica do que boa. Travis Scott e Teyana são os artistas que se destacam na música, entretanto a teatralidade usada por Malik Yusef acaba quebrando a unidade da primeira metade da música. Cyhi The Prynce volta às rimas, dando o tom do começo da canção de volta, entretanto ao final Malik retorna aos seus versos fracos e prejudica a faixa mais uma vez.

The Morning e Don’t Like trazem as coisas de volta para o seu estado de equilíbrio, boas faixas de Hip-Hop com uma bela química entre os seus participantes. Ambas tem batidas mais cadenciadas e pesadas. A primeira tem como momento alto a curta, infelizmente, participação de Common. A segunda traz de volta Kanye nas rimas com a boa estreia de Chief Keef no disco.

Considerado como um crew, a G.O.O.D Music traz uma coletânea de artistas do selo e consegue proporcionar ótimas batidas e rimas para aqueles que ainda estão na expectativa do novo disco de Kanye. Mais que uma degustação, traz faixas relevantes sem a participação do mesmo e faz deste um dos grandes lançamentos de R&BHip-Hop do ano.

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BOM PARA QUEM OUVE: Emicida
ARTISTA: 2 Chainz, Jay-Z
MARCADORES: Hip Hop, R&B

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.