Surgido em 2003, na capital da Escócia, o Glasvegas foi responsável por um dos grandes pequenos discos da década 00. Está lá, suspenso no lapso temporal de 2008, seu primeiro trabalho, ostentando orgulhosamente uma mistura original de inspirações. A ideia dos primos James e Rab Allan (vocalista e guitarrista, respectivamente), do baixista Paul Donoghue e da baterista Caroline McKaye era misturar pitadas de doo wop, produção à la Phil Spector e toques de guitar bands oitentistas, com Jesus And Mary Chain vindo logo de cara. Antes do disco ser lançado, o burburinho já era enorme e gente como o fundador do selo Creation, Alan McGee e o guitarrista Carl Barat, já teciam loas às apresentações vigorosas do Glasvegas no circuito local. Aliás, o nome da banda vinha da fusão simbólica e bem sacada de Glasgow com Las Vegas.
A gradiloquência e o bom desempenho do primeiro trabalho abriu as portas para a banda, que foi indicada ao Mercury Prize em 2008 e não demoraria a soltar um novo trabalho, que viria em 2011, Euphoric Heartbreak. A ideia ainda permanecia presente, misturar coisas dos anos 60 com guitarramas dos anos 80, mas, em vez de influências mais consistentes, o Glasvegas trazia uma sonoridade muito parecida o U2 fase Joshua Tree e com os anos 90/00 do Depeche Mode, deixando de lado a ambiência do primeiro disco. A impressão era de um encolhimento do som, de um abafamento, de uma rachadura no wall of sound da banda.
Este terceiro trabalho vem comprovar o downsizing sonoro anunciado. Tudo o que havia de atmosférico se perdeu em composições modorrentas e arranjos banais. Com a baterista Caroline McKaye deixando a banda, entre em seu lugar a sueca Jonna Lofgren. Later… vem com baladas sem graça como I’d Rather Be Dead (Than Be With You ou Neon Bedroom, que surgem aqui e ali. Canções que poderiam ter outra sorte nos arranjos, como Magazine e a irônica Finished Symphaty parecem demos, ficando para If o posto de exceção à regra. A mixagem abafada e a semelhança incômoda dos arranjos, condena o disco a uma encruzilhada: ou ele é o primeiro de novos e piores tempos para o Glasvegas ou é o epitáfio de uma promissora formação dos anos 00. Essa decisão fica com você, leitor.