Resenhas

Guided By Voices – The Bears for Lunch

Terceiro disco lançado por Robert Pollard e companhia continua a nova saga do grupo, que voltou aos estúdios depois de oito anos de hiato

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Ano: 2012
Selo: Guided by Voices Inc./Fire Records UK
# Faixas: 19
Estilos: Indie Rock, Lo-fi
Duração: 42:52
Nota: 3.5

The Bears for Lunch é terceiro disco de uma saga iniciada no começo de 2012 por Robert Pollard e seus companheiros em um ano que marcou não só a volta do Guided By Voices, depois de oitos anos de hiato, mas também o retorno da banda com sua formação clássica. Portanto, a expectativa para ver o que esses dinossauros do Rock Lo-Fi fariam era muito grande e seus primeiros álbuns do ano, Let’s Go Eat the Factory e Class Clown Spots a UFO, se mostraram competentes, ainda que estivessem longe do que o grupo apresentava nos anos 80 e 90. Mesmo assim, estes trabalhos apontavam para uma nova direção e fase do grupo.

Pode parecer algum tipo de heresia dizer isso, mas essa nova direção que a banda segue está enveredada no Pop, certamente não aquele que tocará nas rádios, mas há muitos elementos simplificados e pegajosos neste álbum. Até mesmo o a estética Lo-Fi está presente com menor intensidade aqui, aparecendo em momentos oportunos, mas parece fugir de certa forma da fórmula que consagrou a banda.

Mas certas coisas não mudam, mesmo com a passagem dos anos: as boas letras de Pollard e Tobin Sprout continuam intactas, assim como o número descomunal de faixas – mas não se assuste ao ver um disco de 19 músicas, já que muitas delas, como já de costume em outros trabalhos da banda, se encerram aos dois minutos ou em até menos tempo.

King Arthur the Red abre o disco com uma porrada à moda antiga. Em pouco mais de dois minutos, a faixa mostra guitarras ásperas, uma percussão forte e o icônico vocal de Pollard. A sequência com The Corners are Glowing se mostra menos urgente e melhor arquitetada. Nessa canção, violinos se encontram em perfeita harmonia com as guitarras e mostram outros caminhos que a banda vai seguir ao decorrer do disco.

A curtinha Have a Jug, conduzida por voz e violão, mostra seu lado Lo-Fi em suas muitas arestas a aparar, enquanto Hangover Child traz guitarras bem trabalhadas e ruidosas que mesmo tendo uma bateria mais contida, se aproxima da primeira faixa. Essas variações no clima e qualidade das faixas flutuam muito, até mesmo dentro de algumas músicas se encontra essa variação – caso de Dome Rust, que começa apontando para uma direção, mas acaba seguindo por outro caminho.

As nuances Pop estão presentes aqui e ali e são mais perceptíveis em faixas como Waving at Airplanes, Skin to Skin Combat e Everywhere is Miles from Everywhere. Essa grande flutuação não é necessariamente algo ruim, mas o disco perde pontos por não manter uma continuidade, e isso fica ainda mais perceptível quando algumas faixas terminam abruptamente. Note que há músicas muito boas no disco, mas seu maior problema é a falta de uma sequência e o número exagerado de faixas, que faz com que ele se perca dentro de si mesmo.

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MARCADORES: Indie Rock, Lo-Fi

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts