Resenhas

H.E.R. – Back of My Mind

“Estreia oficial” da já consagrada cantora cumpre as expectativas com viagem brilhantemente conduzida por toda a elasticidade do R&B

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Ano: 2021
Selo: RCA/Sony
# Faixas: 21
Estilos: R&B
Duração: 79'
Produção: DJ Camper, Cardiak, H.E.R., Kaytranada, Bordeaux e outros

Não há outra carreira como a de Gabrielle Wilson, ou H.E.R. Da pouca idade com que começou a trabalhar (ela completa seus 24 anos neste mês, estando envolvida com música desde a infância) aos prêmios Grammy em 2017 (apenas um ano após a estreia com este seu codinome), passando por um grande show no Rock in Rio mesmo sem ter atitude de “estrelas” que passam por aquele palco. Sem grandes excessos midiáticos, ela comprova repetidamente de que todos os holofotes em sua direção são justificados apenas pela música – ou melhor, pela grandíssima qualidade com que ela trabalha suas músicas.

Mais do que cantora, compositora e produtora, H.E.R. se apresenta como uma verdadeira estudiosa do R&B e traz para sua obra toda a elasticidade do gênero. Guiadas por sua voz, as canções que compõem seus EPs e mixtapes saltam entre vertentes, nuances e tendências que marcam a produção contemporânea do R&B, de forma com que cada um de seus lançamentos seja também um catalisador para o que ele oferece de melhor em sua época. É o caso de Back of My Mind.

Apresentado como seu primeiro álbum oficial (o que coloca os anteriores, mesmo o que ganhou o Grammy, como mixtapes), ele chega com a mesma cara de “coletânea” de seus antecessores, nos exercícios estéticos que exploram até onde ela consegue levar sua música. Há o R&B atemporal que se aproxima do Jazz (“Bloody Waters”, com – não à toa – Thundercat) logo após a aproximação com o Trap em “Find a Way (com Lil Baby), entre momentos que misturam instrumentação pesada, que chega quase como sample, em meio a batidas eletrônicas (“Lucky”) e aquela mesmo ambientação acústica e volumosa que ganhou o mundo com “Best Part” no passado (em “Hard to Love”).

A coesão vem da interpretação da cantora e de uma aura noturna, às vezes até arrastada, que a maior parte de suas músicas possui. Sendo assim, por mais diversa que a obra seja, nunca acontece um estranhamento em meio às variações de uma faixa para outra. Outro elemento que torna o álbum coeso não só entre si, mas também dentro do vernáculo do R&B, é a temática romântica que toma conta de suas composições, da mesma forma com que H.E.R. se apresentou nos lançamentos passados.

Quem tem acompanhado sua carreira não se decepcionará com as novas músicas, e encontrará também hits já lançados, como “Slide” (com YG ), “Damage” e a sempre impressionante “We Made It”, que faz as vezes de abertura do álbum. Nesse novo “habitat”, os singles reforçam a versatilidade proposta na música que Gabrielle produz, encontrando suas inspirações mais nos tantos sons que nos são familiares do que em ineditismos na forma de trabalhar o R&B. Enquanto sua carreira é cheia de peculiaridades, sua obra se preocupa menos em ser diferente e mais em ser bem feita. E Back of My Mind argumenta que H.E.R. não lança nada meramente bom, mas apenas o que for excelente.

(Back of My Mind em uma faixa: “Lucky”)

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ARTISTA: H.E.R.

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.