Resenhas

Hercules And Love Affair – The Feast Of The Broken Heart

Disco competente traz a banda de volta ao som feito para as pistas, mas ainda sem empolgar como seu trabalho de estreia

Loading

Ano: 2014
Selo: Moshi Moshi
# Faixas: 10
Estilos: House, Dance, Techno
Duração: 44:00
Nota: 3.0
Produção: Andy Butler

The Feast Of The Broken Heart é o terceiro álbum de Hercules And Love Affair. Andy Butler é o produtor nova iorquino que, em 2008, estreou o projeto com seu excelente disco homônimo, trazendo um ar retrô da Disco dos anos 70 revigorado com a ajuda de Tim Goldsworthy, que embalou a inigualável voz de Antony Hegarty com o melhor da produção característica da DFA. O carro chefe do trabalho foi o single Blind, eleita uma das melhores faixas daquele ano e também da última década.

Três anos depois, Andy mudou de selo, foi para o londrino Moshi Moshi, saíram Antony e mais alguns, entraram outros, e pode-se dizer que uma nova banda se formou. Saiu o clima mais festeiro, pra cima e desencanado de sua estreia e entrou um House anos 80 menos Pop e mais Lounge. O disco não foi bem recebido, as faixas não empolgavam e eram um banho de água fria para quem aguardava algo semelhante ao trabalho anterior.

Agora, a aposta é em um House mais Pop novamente, totalmente pensado para as pistas, mais agressivo, quase Techno, como bem descreveu o próprio produtor. Andy escolheu trabalhar a Dance Music de um jeito mais seguro, familiar aos ouvidos daqueles que embarcaram agora no estilo, com nomes como Disclosure por exemplo. No entanto, a sensação que fica é que o grupo não consegue destacar aqui as características que tornaram a banda única em primeiro lugar.

A primeira delas, talvez a mais óbvia a qualquer fã do primeiro trabalho, são as parcerias vocais. Estas batidas precisam muito, praticamente dependem dos vocalistas, já que são pouco criativas e não constituem melodias que se sustentem por si só. O disco inteiro flui numa velocidade constante, por volta de 130bpm, que torna as faixas bastante parecidas entre si, precisando de cantores que chamem a responsabilidade e melodias vocais memoráveis, exatamente a função de Antony Hegarty na dinâmica do primeiro disco.

Em The Feast Of The Broken Heart encontramos vozes ótimas, mas não tão integradas à produção, resultando em canções que acabam soando como remixes de canções existentes. É o caso de Do You Feel The Same, principal single, onde Gustaph emula Michael Jackson e nas duas que contam com a bela voz de Krystle Warren, My Offence e The Light que lembra bastante divas da música negra como Nina Simone e Aretha Franklin.

A maior prova da importância destas participações vem justamente no acerto. I Try To Talk To You traz John Grant, dono de um dos melhores discos do ano passado e amigo de Andy, numa faixa que, mesmo num estilo completamente diferente, resgata aquela instantaneidade que pede um hit, com o piano introduzindo o refrão numa quebra de expectativa empolgante e trazendo sua voz grave num refrão marcante, pegajoso, daqueles que ouvimos a faixa apenas esperando o êxtase desse momento chegar.

De forma alguma, o terceiro trabalho completo de Hercules And Love Affair é ruim – com exceção do bizarro Hercules Theme -, é um disco que cumpre com o objetivo de injetar energia no som da banda, resgatando algumas das melhores fases do House, numa produção impecável, como na pegada de Acid incorporada na boa 5.43 To Freedom e nas batidas hipnóticas de That’s Not Me. Seu problema é não ser criativo, memorável ou empolgante por completo, como conseguiram em Hercules And Love Affair. Aqui, são apenas competentes.

Loading

Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.