É muito interessante acompanhar a trajetória de Sam Beam com seu Iron & Wine, uma história que nos ajuda a entender o que significa “autoralidade” em um projeto artístico que faz por merecer a popularidade que atinge através de suas músicas.
Weed Garden, disco de seis faixas lançado sob o status de EP, continua o que o músico norte-americano vem trabalhando desde sua estreia em The Creek Drank the Cradle (2002). Ou seja, é o desenvolvimento de uma sonoridade que identificamos como Folk dentro do Indie (ou vice versa?) em uma busca de arranjos que encontrem a complexidade dos temas introspectivos sem perder uma rápida assimilação da sua música.
As duas primeiras faixas, What Hurts Worse e Waves of Gavelston, mostram com eficiência a estética que discos como Kiss Each Other Clean (2011) tem trabalhado, com uma confluência de timbres emprestados do Jazz e mesmo do Rock para ampliar o “básico” voz e violão. O maior tesouro do EP, entretanto, está justamente nas duas seguintes: The Last of Your Rock’n’Roll Heroes e Milkweed. Ambas convidam instrumentos que chegam inesperadamente e ampliam a dimensão das composições sem medo dos caminhos mais tortos que elas decidiram percorrer.
Weed Garden termina com uma dupla de canções menos ousadas, com harmonias vocais mais próximas àquele Folk de cunho Country, de músicas referencialmente interioranas com cara de fogueira no meio do mato. Se elas parecem tímidas em relação às anteriores, elas mantém a qualidade alta do trabalho de Beam, com seu vocal caloroso e emocional, tão contemplativo quanto inquieto – o que fica muito bem com os temas intimistas que investiga e também com essa sonoridade mais complexa.
Iron & Wine mostra-se mais uma vez como uma oportunidade criativa que o músico sabe aproveitar para exercitar sua musicalidade para alguns lados sem nunca perder sua identidade. Da mesma forma, percebemos que há fôlego de sobra para muitos outros lançamentos do projeto dentro de estéticas que, se não estão “na moda”, sempre conquistam o ouvinte, seja por um viés analítico ou por um mais sentimental.
(Weed Garden em uma música: Milkweed)
