Resenhas

Jamila Woods – HEAVN

Estreia de artista norte-americana é um pequeno refúgio ensolarado

Loading

Ano: 2017
Selo: Jagjaguwar
# Faixas: 20
Estilos: Soul, R&B, Jazz Fusion
Duração: 45
Nota: 4.0
Produção: Ayanna Woods, oddCouple, Carter Lang, Peter Cottontale, Loshendrix, Nate Fox, Jus Cuz, Jus Love

Jamila Woods é uma artista de Chicago que, após dar as caras participando de alguns projetos interessantes nos últimos anos – Chance the Rapper sendo, talvez, o mais proeminente entre eles -, estreia sua empreitada solo com este HEAVN.

HEAVN é um trabalho carregado politicamente e vem na trilha da consciência negra norte-americana que ganhou força na música após 2013: uma consequência natural do marcante movimento Black Lives Matter nos Estados unidos, que repercutiu muito na música de gente como Solange, Kendrick Lamar e Blood Orange – isso para selecionar alguns nomes entre muitos outros relevantes.

É interessante notar como HEAVN se revolve acerca do senso de refúgio. Woods vê na identidade negra uma comunidade de suporte: é na infância, no nome próprio e na cor da pele que as pessoas se reconhecem e podem se ajudar. Orgulho e comunhão, portanto, dão ao álbum uma aura solar.

A produção do trabalho é virtuosa, e todos os elementos jogam a favor de uma música segura, sóbria e, como dissemos, ensolarada. O timbre da voz de Woods soa aconchegante. Há uma esperança que paira por todos os momentos. Soul, Hip Hop, Jazz Fusion e Folk – e até mesmo uma citação do Pop de The Cure na faixa título – são alguns dos elementos que, misturados, formam o caldo que engrossa a música da artista. É um território democrático, e, ao ouvir HEAVN, é justo lembrar de gente como Charlotte dos Santos, The Seshen ou Lianne La Havas.

Apesar de suas vinte faixas, HEAVN avança com fluidez. É um trabalho generoso que, ao falar de refúgio, cria um espaço de comunhão musical dentro de si.

(HEAVN em uma música: LSD)

Loading

Autor:

é músico e escreve sobre arte