Resenhas

Jan Felipe – Circular

Novo disco de músico franco-brasileiro reúne suas melhores características

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Ano: 2017
Selo: Independente
# Faixas: 2017
Estilos: Folk Rock Psicodelia, Dream Pop
Duração: 40:08
Nota: 3.5
Produção: Jan Felipe

O músico franco-brasileiro Jan Felipe comporta muitos eus dentro de sua personalidade. Até agora, sua discografia se mostrou tão rica em sonoridades que seria uma injustiça com seu trabalho reduzi-lo a gêneros conhecidos. Há uma pitada doce da música Folk, mas que volta e meia se mistura com a acidez de Rock estranhão e toques sutis de Psicodelia. Assim, ouvir seus discos é sempre uma experiência bastante expansiva, no sentido que parecemos nos distanciar de fórmulas e estereótipos, como se nossa percepção fosse uma espiral que dá voltas e voltas, mas está sempre pautada em um mesmo centro. Agora, com o lançamento de seu novo disco, o músico parece nos providenciar composições que aguçam nossa visão, entendendo que aquela grande forma é, na verdade, um grande círculo.

A ideia de nomear este trabalho como Circular poderia ser interpretada como homogeneidade ou mesmice, mas o sentido para o qual Jan Felipe nos guia é mais de uma perspectiva cíclica. Por mais que demos voltas, por mais que possamos achar que estamos distante de nosso centro, estamos diantes dos limites de uma imensurável forma. A partir daí começamos a entender algumas conexões de Circular com sua obra de uma forma geral. Durante as dez faixas, Jan Felipe nos mostra algumas certezas em relação às suas sonoridades, como se ele parece de expandir seu círculo criativo e começasse a revisitá-lo. Assim, comparações com discos passados são inevitáveis, mas não para entender o que mudou, mas como o músico avalia e ressignifica o seu passado, produzindo uma obra que tem como mote sua própria história.

Afirmando sua ascendência francesa, o músico começa o disco com uma espécie de ode ao romantismo de Serge Gainsbourg com uma psicodelia The Doors, em Des Petis Trous Dans Ma Tête. Mundo Oceano reforça os timbres experimentais sempre precisamente colocados em suas músicas, criando ambientações únicas. Festa Sem Lugar, por sua vez, explora o lado brando de Jan Felipe, mostrando o Soft Rock e sutileza das baladas a favor de suas letras cotidianamente adoráveis. Com um olhar mais contemporâneo, Corporate War usa sintetizadores e batidas eletrônicas deixando claro a influência de Radiohead no som do músico. Por fim, Nature As Music reforça a característica de curador sonoro que ele possui com o intuito de procurar os melhores timbres e sonoridades para expressar aquilo que pensa.

Circular é um trabalho bom para mostrar para alguém que desconhece Jan Felipe, pelo simples fato de reunir ótimas características sobre sua sonoridade e discografia no geral. Dessa forma, o músico olha para frente com entusiasmo, ao mesmo tempo que olha para trás com carinho em relação a sua obra. Um disco completo sobre um artista completo.

(Circular em uma faixa: Mundo Oceano)

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BOM PARA QUEM OUVE: Peixefante, Catavento, Chad VanGaalen
ARTISTA: Jan Felipe

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique