“Jason Feathers é o Sisyphus do Justin Vernon” – não lembro quem brincou assim na redação Monkeybuzz no dia que chegou a notícia do projeto (se pá fui eu, confesso) que mistura o artista conhecido por seu trabalho que se enquadra no Folk e experimenta agora com a música Eletrônica e o Rap – tal qual Sufjan Stevens no mencionado grupo. A diferença é que esse novo não conseguiu se firmar na identidade de seus músicos participantes como o anterior e entregou um disco cheio de boas intenções, mas cansativo de se ouvir.
De Oro tem toda uma ficção por trás. Conta a história de uma terra meio sem lei ao sul dos EUA da qual surgiu o personagem que batiza o projeto. Tem um quê de bom humor, mas é tudo um tanto sinistro, com alguns momentos que beiram o horror, principalmente pelos fortes graves do rapper Astronautalis.
O disco peca, porém, justamente em atingir o que ao menos deveria ser um de seus objetivos: Entreter. Na primeira vez, até que é legal, mas as audições logo se desgastam e faltam tempo e paciência pra ficar acompanhando toda a narrativa do disco. As batidas são legais e a produção impressiona, mas não sustentam a inclusão do álbum na sua biblioteca.
No fim, fica a impressão de que Justin Vernon está sempre procurando novas maneiras de mostrar o quanto é versátil. Desde o anúncio de Jason Feathers até o jeito que ele canta em algumas faixas, ele soa provocativo, quase debochando de nossas expectativas. E, sim, sabemos o valor que o moço tem o seu potencial, mas não sei quantos vão topar atender aos desejos do ego do músico o tempo todo (porque se antes tínhamos músicas envolventes, parece que aqui só ele sai ganhando).
Vale a pena conhecer? Sim, principalmente se você acompanha seu trabalho. Se não gostou, entretanto, não insista. É um trabalho ora repetitivo, ora desinteressante e nunca bom o suficiente para você trocar a audição de seus outros projetos por este.