Como é bom ouvir a língua portuguesa em forma de poesia ritmada, cantada. Ainda mais numa bela voz, como a de Jennifer Souza, integrante da banda mineira Transmissor, e que agora dá inicio à sua carreira solo lançando o álbum Impossível Breve.
O álbum é composto por nove faixas indispensáveis, todas com sua qualidade e uma coesão ímpar. Por ser um primeiro trabalho, e ainda mais por ter sido feito de maneira totalmente independente, merece ainda mais louros. Jennifer que já se mostrava uma boa compositora e cantora para canções da Transmissor, agora empresta seu dom de letrista e cantante para sua carreira solo que nos remete a algumas características da banda mineira, porém em um tom muito mais intimista e reservado.
As temáticas variam entre desilusão, reflexão e amores, que são ilustrados por uma musicalidade sublime que te faz se entregar às notas hora amargas hora doces, e que resultam em um agridoce encantador. As canções são bem trabalhadas, apresentando ótimos arranjos de piano e violão, e que vez ou outra são acompanhadas de metais, dando um clima Bossa/Jazz, como em Vouloir. Entretanto, só o vocal de Jennifer – delicado, mas com presença – já é um destaque, e tem os instrumentos como base para si. A sensação ao se ouvir o álbum é de flanar, título da sexta faixa (Le Flâneur), que significa andar livremente, sem rumo e apreciando tudo ao se redor ao mesmo tempo que se aprecia o seu eu interior, pelos caminhos de sua alma.
Impossível Breve é acima de tudo uma obra humana, que é construída a partir dos sentimentos mais vividos por nós, e por isso gera uma identificação imediata entre o artista e o ouvinte. Uma obra altamente espiritual e composta de belíssimos, tanto instrumentais, quanto principalmente vocais, o que não torna nenhum exagero ao afirmarmos que Jennifer é uma das vozes mais belas da nova geração da música popular brasileira.
01 – Sorte ou Azar