Talvez você ainda não conheça Joanna Sternberg ao escutar I’ve Got Me, seu segundo álbum, mas sua identidade musical é tão evidente em todas as canções que em alguns segundos já se estabelece uma relação honesta de você saber muito bem quem é aquela pessoa cantando.
Joanna nasceu nos Estados Unidos, mais especificamente em Nova York, e faz “música” e “arte”, e o uso de aspas para essa nomenclatura, como consta em seu site oficial, denota um pouco do bom humor que logo identificamos nas canções. É algo em seu timbre vocal, mas também em sua interpretação, que traz um elemento que define muito de nossa experiência ao termos contato com seu trabalho: Uma inegável honestidade em sua maneira orgânica de cantar.
Cabe semitonar aqui e ali, para nunca nos esquecermos de que o fator humano é o que fala mais alto em seu trabalho. Todo o disco é calcado em sua personalidade e na maneira vulnerável e bem-humorada com que se apresenta, o que faz com que ouvintes logo abracem essa persona como uma amizade já antiga, de alguém cuja conversa vai de algo que te faz rir a um relato ou reflexão que te faz erguer as sobrancelhas.
E é assim, no meio do carisma e da leveza, que Joanna abre seu coração com ansiedades, traumas e muito daquilo que faz parte da sua vida (“minhas culpas, defeitos e mentiras”, como diz a faixa-título). É como se sua maneira de cantar despojada, orgânica e tão “inofensiva” desarmasse o público, que chega ao seu trabalho com a guarda baixa e é recebido com uma sinceridade que nem sempre aparece mesmo nas obras mais autorais.
Toda atmosfera de I’ve Got Me é construída para a personalidade de Joanna brilhar e suas letras e interpretação estarem sempre em primeiro plano. São poucos os instrumentos que acompanham sua voz, e a impressão que fica na memória do disco é que ele é todo feito só com violão ou piano, mesmo com outros timbres no acompanhamento. É aquela tradição do folk, com foco sempre na canção em si, desenvolvida em mais um grande trabalho.
Faixas como “People Are Toys to You” e “Stockholm Syndrome” são outros bons exemplos do que Joanna Sternberg consegue conquistar no álbum, com relatos que viveu, pautados por emoções nem sempre fáceis de expressar, muito menos com sinceridade e seu natural bom humor. Isso sim é “música”, isso sim é “arte”.
(I’ve Got Me em uma faixa: “I’ve Got Me”)