A banda inglesa de Música Eletrônica Hot Chip mudou gradativamente de tom ao longo de sua trajetória. Explodindo como um fenômeno dançante do Indie no início dos anos 2000, o conjunto parece ter chegado, seis álbuns depois, a um tom muito mais parcimonioso em sua música. Joe Goddard, integrante do grupo, aproveita o clima do último álbum da banda para desenvolver a própria linguagem no seu novo trabalho, intitulado Electric Lines.
Basta olhar para a segunda faixa de Why Make Sense?, intitulada Love Is The Future para compreender a formulação que percorre toda a lógica que faz Electric Lines ser o que é. O trabalho de Goddard pretende abarcar a sonoridade Disco e Dance que se desenvolveu dos anos 70 aos anos 90, construindo uma espécie de recapitulação sonora, uma homenagem aos pilares fundadores da música eletrônica que faz.
Electric Lines desenvolve-se sem grandes surpresas ou nuances, e também sem qualquer entrave na audição. Ora o trabalho se arrasta um pouco mais, ora parece perder-se na curtição de si mesmo, mas em nenhum momento soa desconfortável. Ouça a trinca que fecha o trabalho para ter uma boa ideia do conjunto da obra, variando entre algo mais noturno e contemplativo em Nothing Moves, algo mais temperamental na faixa-título, ou mais romântico e adocicado em Music Is the Answer. Electric Lines afinal é uma jornada amigável de sonoridade amena, quase como uma recordação ofuscada pelo tempo de uma música que desperta memórias afetivas no artista.
(Electric Lines em uma música: Music Is the Answer)
