Resenhas

Kakkmaddafakka – KMF

Terceiro disco da banda é um passo natural da sonoridade já conhecida

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Ano: 2016
Selo: Bergen Mafia
# Faixas: 12
Estilos: Pop Rock, Indie Rock, Indie Pop
Duração: 40:00
Nota: 3.5
Produção: Erlend Øye

Se seu disco passado afirmava que “seis meses é muito tempo”, Kakkmaddafakka agora parece passar por cima desta estimativa, demorando quase três anos para um novo lançamento. Assim como ABBA passou um verniz lustroso na música Disco, os noruegueses encontraram um jeito criativo e interessante de remodelar o Indie Pop, um gênero que se encontrava em meio a sucessivos e preguiços lugares comuns. Uma mistura bem dosada de arranjos simples, harmonias consistentes e divertidas letras levou o conjunto a produzir dois ótimos discos, entre eles o já citado Six Months Is A Long Time, uma ironia viva de términos de relacionamento no qual todo o drama e miséria e substituído pela celebração da derrota com a cara mais feliz possível. Agora, o grupo se reúne para nos mostrar uma outra face de sua sonoridade.

As coisas agora estão mais melancólicas e frias. KMF não é um trabalho triste por completo, mas certamente a diversão, que outrora era sua principal arma, não se encontra tão presente. Os arranjos simples permanecem, mas a escolha de timbres e um reverb perseverante, que nos faz lembrar com mais clareza as paisagens frias de seu país de origem, nos colocam diante de um Kakkmaddafakka mais tristonho. Mas é curioso como, mesmo com esse sentimento evidenciado, a sonoridade não é totalmente desprovida de luz. É como um daqueles dias que está um sol bem forte mas, ao mesmo tempo, um frio desgraçado. Uma sutil ironia, que nos instiga a escutar este disco.

Parte da escolha desse clima tem grande responsabilidade da sólida produção de Erlend Øye, o mestre do silêncio gélido, mas conhecido por seu trabalho em Kings Of Convenience. Seu talento junto às saudáveis composições da banda colocam o disco em uma progressiva linha de qualidade crescente, produzindo algo que não se limita à sonoridade do passado, mas não passa totalmente por cima. É um meio termo excelente de se alcançar. Mesmo que as letras mantenham aquela depressão pós-término do registro passado, ainda sim vemos o sol nascer, embora o frio bata em nossa cara.

Kakkmaddafakka dá passos maduros em relação ao futuro, algo raro entre bandas de Indie Rock/Pop. Com uma escolha certa na produção, que permitiu uma evolução natural desta sonoridade, o conjunto permanece relevante, seja se tornando uma referência interessante para bandas mais jovens, ou apenas criando bons hits para a pista de dança.

Quase um ABBA da deprê.

(KMF em uma faixa: Change)

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BOM PARA QUEM OUVE: Erlend Øye, Dog Is Dead, Foals

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique