Resenhas

Kakkmaddafakka – Six Months is a Long Time

Esqueça o frio e veja que um dos melhores Indie Rock da atualidade vem da Noruega com um som que nunca te deixará para baixo.

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Ano: 2013
Selo: Vertigo Berlin
# Faixas: 11
Estilos: Indie Rock, Pop
Duração: 40:00
Nota: 4.0
Produção: Erlend Øye

Não consigo chegar a uma conclusão do que é mais improvavél. se uma banda com um nome extenso e estranho criar um som mais relevante que o seu próprio nome, ou se é o fato de o grupo ser norueguês e a música em questão ser um Pop ensolarado na medida certa. Ambos aspectos são um tanto paradoxais no disco Six Months Is A Long Time Ago do Kakkmaddafakka, mas o resultado final é certeiro e, sem sombras de dúvidas, estamos diante de uns dos trabalhos mais agradáveis do ano.

O Indie Rock aqui é vistoso, daqueles que costumávamos escutar no começo da década passada em que a instrumentação tinha papel importante mas ao mesmo tempo as melodias tentavam ser interessantes a ponto de você poder lembrá-las pra sempre. Com um lado mais europeu do período, o grupo procura incorporar raízes de bandas britânicas, contemporâneas no período de sua formação, 2004, como Libertines e Razorlight sem, no entanto, se esquecer de fornecer um Pop pegajoso, sem apelação e direto ao ponto.

Você se vê abraçado em um cobertor em uma segunda-feira gélida, mas de longe quer mesmo é um pouco de mais leveza em sua vida. Para isso, comece a escutar Young com sua guitarra mais swingada e pegada meio dance para esquecer que o frio é somente psicológico. No meio de tudo isso, vocais divertidos um belo piano de acompanhamento, e um som que parece datado mas que não tem ninguém fazendo muito bem por aí. Um lembrança mais moderna no som? Vampire Weekend, principalmente quando vemos tons mais leves e descontraídos em faixas como a divertidíssima Female Dyslexic ou a pegada Afrobeat de Lie.

No entanto, não pense e nem coloque na sua cabeça que as bandas são parecidas pois não são. A intenção do Kakkmaddafakka é fazer música para as massas, diversão sonora acessível e sem se preocupar em parecer “cabeçudo”. Uma leveza sonora colocada que se mostra extremamente pertinente e necessária atualmente. Veja as baladas como a praieira e no violão Saviour ou a sensual e pessoal Never Friends. Não existe peso, nem estranheza em seus primeiros acordes. As músicas descem suavemente com um aquele primeiro gole d’água na manhã ou a cerveja gelada em uma sexta-feira pós-expediente.

No meio de tantos aspectos diretos, músicos criativos tem espaço para mostrar o seu talento. Bill Clinton é tão cativante que chega a chocar e de repente nos vemos querendo escutá-la novamente. Um ouvido mais atento chega a conclusão na segunda escutada que não é só o vocal Pop que faz a faixa, mas o conjunto da obra. Belas transições entre os instrumentos, piano e guitarras sem efeitos mas perfeitamente sincronizados. Mas a grande surpresa fica por conta de Someone New com um dos grandes refrões do ano: “ You got someone new/ I am just a jealous motherfucker alone”. A letra retrata bem os relacionamentos modernos, com mensagens não respondidas, desconfiança com conversas paralelas mas sem parecer dor de corno, a faixa se torna jovial com sua guitarra seca e backing vocals animados.

O Kakkmaddafakka chega para desmitificar o povo nórdico, e assim como outros conterrâneos como Whitest Boy Alive e Peter, Bjorn & John, mostra que esse lado da terra tem uma alegria e uma necessidade por sol que dificilmente, nós, brasileiros poderemos compreender. Aqui tudo é quente, e a diversão teoricamente vêm naturalmente. Assim como o título do disco, seis meses é muito tempo para quem vive debaixo da neve e desviando de ventos gelados. Como se aquecer? Fazendo o melhor Pop no Indie Rock atual. Escute esta obra sem medo de ser feliz.

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MARCADORES: Indie Rock, Ouça, Pop

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.