Resenhas

Kate Nash – Yesterday Was Forever

Cantora e compositora tenta retomar sucesso em novo álbum

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Ano: 2018
Selo: Girl Gang
# Faixas: 14
Estilos: Rock Alternativo, Pop Alternativo
Duração: 50:45
Nota: 2.5
Produção: Kate Nash

Kate Nash surgiu lá em meados dos anos 00 como uma espécie de diluição fofinha de Lily Allen, que despontava como um mulherão da porra àquela altura, tripulando seu certeiro hit Smile. Kate tinha chancela da própria Lily e investia numa espécie de Pop Amelie Poulain, estiloso, charmoso, quase como se fosse oriundo de um brechó imaginário. Seu primeiro disco, Made Of Bricks, chegou a ser lançado por aqui, de tanto barulho que a menina fez. Hoje, pouco mais de dez anos depois, Kate tenta reaver o sucesso fugidio que teve no passado e Yesterday Was Forever é a sua mais nova aposta. É seu quarto trabalho, seguindo uma triste linha involutiva, na qual cada álbum parece piorar a situação da carreira de Nash.

Kate fez mais sucesso recentemente por estrelar uma série da Netflix sobre luta livre feminina, chamava GLOW. Precisou de uma campanha de crowdfunding pra viabilizar este novo disco, iniciada ano passado, quando também soltou um EP, chamado Agenda. Uma ouvidela em seu conteúdo já entregava que o novo álbum viria no esquema “colcha de retalhos”, com Nash atirando em todas as direções possíveis de Pop, visando loucamente acertar um alvo. A moça tem talento e empatia, mas precisa repensar seus conceitos com certa urgência. Em primeiro lugar, nada é mais irritante que diversidade forçada. As canções de Yesterday… vão de Punk Rock no esquema Riot Grrl a Pop Eletrônico de baixo orçamento, passando por baladas vazias, popinhos sem sal e alguns momentos em que os vocais de Kate atingem o máximo na escala CEL de irritação total, sem direito a recurso.

“É tudo ruim, então?” – perguntará o fã. Olha, é necessária uma ginástica estética para salvar algumas coisas do desastre total. Com certa boa vontade e resquício de simpatia pela insistência da moça, podemos aliviar em alguns momentos. “Quais?” – pergunta o fã, ansioso/a/x. Bem, a faixa de abertura, Life Is Pink, que é um roquinho com ar de 1998 com modernismos de gosto duvidoso invadindo os arranjos, pode ser um dos pontos menos baixos. Drink About You, com batidas eletrônicas contrastando com violões acústicos tem arranjo que parece feito em 2003, mas também escapa da fogueira pela alternância de climas e tudo mais. Karaoke Kiss, com pinta de sobra de estúdio de Duran Duran, pode fazer algum efeito em pistas de dança menos exigentes e/ou sintonizadas com o que acontece na música Pop de hoje.

Agora, sinceramente, não dá pra aguentar poucos segundos dos “vocais rasgados” de Kate em momentos lamentáveis como Hate You, California Poppies, Always Shining ou na tentativa de soar sexy em Body Heat. Nada contra as mudanças na carreira, no estilo, mas o tiroteio estilístico que Kate empreende aqui é uma atitude desesperada e, pior ainda, sem resultados. Este é um disco para ser esquecido e/ou ignorado solenemente.

(Yesterday Was Forever em uma música: Drink About You)

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.