Resenhas

Kelela – Take Me Apart

Álbum completo é uma versão polida do Alt-R&B contemporâneo

Loading

Ano: 2017
Selo: Warp
# Faixas: 14
Estilos: Alt-R&B, Pop Eletrônico
Duração: 53:46
Nota: 4.0
Produção: Ariel Rechtshaid, Jam City, Arca, Bok Bok, Dubbel Dutch, Kingdom, Kwes, Asma Maroof, Mocky, Aaron David Ross, Al Shux, Loric Sih, Terror Danjah, Nick Weiss

Kelela Mizanekristos, que ataca assim pelo primeiro nome mesmo, vinha preparando o terreno para a sua estreia há alguns anos. A primeira a chegar até nós foi a mixtape Cut 4 Me, de 2013, e em seguida com o EP Hallucinogen, em 2015. Para engrossar o caldo, a artista figurou em algumas participações especiais ao lado de Solange. Finalmente, feitos os devidos preâmbulos, a artista estreia em formato longo com Take Me Apart.

O álbum nitidamente aposta na bênção da madrinha Solange e segue pelo caminho do R&B contemporâneo calcado no Pop torto que ganhou espaço na última década. Ou seja, as músicas possuem refrãos pegajosos, a voz de Kelela brilha em primeiro plano com uma aura sensual sob um pano de fundo eletrônico, que evoca diferentes paisagens sintéticas: uma fumaça alienígena, algum figurino de látex sadomasoquista ou, sei lá, alguma escultura do Jeff Koons.

Take Me Apart fica no meio do caminho entre a esquisitice e o desejo Pop de brilhar no rádio. É possível pensar em uma mescla bem sucedida entre FKA Twigs, Tinashe e Syd. A escalação de produtores ajuda: estão no time, entre outros, Arca, Romy Madley Croft (The xx) e Ariel Rechtshaid (Adele e Charli XCX). Ou seja, existe um desejo de estranhamento, mas tudo está bastante alinhado com o rumo que o Pop Eletrônico tomou nos últimos anos.

A impressão que se tem é a de que Take Me Apart é uma versão polida daquilo que já conhecíamos da artista até então. A resenha de Cut 4 Me nos diz que, “rodeada por tanta artificialidade sonora, a artista investe no que há de mais orgânico em sua música. O vocal é a estrela principal da obra. A base é eletrônica, mas a alma é muito humana”. Já a de Hallucinogen ressalta o que EP “traz batidas produzidas por alguns dos maiores nomes de hoje, mas o que nos mantém presos a ele é o lado humano que sua voz consegue demonstrar”. Ou seja, Kelela, com seu álbum completo, diz aquilo que gostaríamos de ouvir. Sem mexer em time que está ganhando a artista parece pronta para enfrentar o mainstream da música contemporânea.

(Take Me Apart em uma música: Take Me Apart)

Loading

BOM PARA QUEM OUVE: Tinashe, FKA Twigs, Solange
ARTISTA: Kelela

Autor:

é músico e escreve sobre arte