Resenhas

Kevin Gates – Stranger than Fiction

Debut do parceiro de Lil Wayne aparece como um interessante surpresa, e coloca, mesmo que por alguns instantes, os holofotes de novo no Gangsta Rap.

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Ano: 2013
Selo: Bread Winners Association
# Faixas: 17
Estilos: Hip Hop
Duração: 55:00
Nota: 3.5
Produção: Kevin Gates

Ao invés de reverenciar um estilo de vida em que a ostentação é o segredo para a felicidade, o Gangsta Rap utiliza-se da violência e do relato da vida clandestina e perigosa dos suburbios norte-americanos como tema principal. O peso aqui não é mero coadjuvante mas ator principal na criação de uma atmosfera complexa em que temos que sentir a reprodução de cada detalhe de uma noite que acabou mal, uma amizade com traição ou simplesmente o desejo sexual.

Kevin Gates utiliza-se de uma base melódica interessante para reproduzir os temas que deseja em seu debut, Stranger than Fiction. Sua voz ajuda bastante uma atuação voltada para violência, o perigo sentido a cada esquina e a insegurança em relação a própria vida. Em sua abertura 4 Legs and a Biscuit, ele quase se confessa em uma batida puxada no suspense, “Lord forgive me I’m finnin’ I come to you as a sinner, /Take all my scars, take my heart turn me into a Christian”. Dai pra frente a levada do disco é unitária como uma mixtape, mas desta vez estamos diante de um disco e tal impacto talvez seja mais certeiro e abrangente.

Die Bout It tem mais versos por minuto do que batidas, e realmente sentimos quais são os elementos que fariam Gates morrer para justifica-los, enquanto Careful tem uma levada Gangsta, deixando o ouvinte pilhado, noiado e realmente com medo do que pode vir em diante. Atenção é chave aqui, e 4:30AM chega a ser o melhor momento em todo o disco. A conclusão vem de que nada pode dar certo quando se está acordado a tarde sem objetivos. Drogas confundem o rapper e ele não sabe se está viciado ou não, mas sua cabeça não o deixa relaxar que algo está errado com o seu estilo de vida.

Tiger é o canto de vitória, e o Rap de Kevin é o mais nervoso visto até então. Sua batida é épica e sua levada é aberta, expansiva como um caminhão andando na estrada na madrugada. Nada parece impedi-lo, e o rapper se mostra destemido. Alguns momentos mesmo quando são um pouco óbvios, ainda sim são interessantes, casos como a balada Smiling Faces ou a analogia entre dinheiro e mulheres, Money Magnet.

Gates parece alcançar bem o que se propõe, transferir a tensão de sua vida para o ambiente cotidiano dos ouvintes. Apesar de não fugir muito do que já vimos por aí, o disco não chega decepcionar em nenhum momento, e consegue decolar nos momentos certos. Com alguns singles certeiros como Thinking With My Dick que parece fadada as rádios, seja pela sua letra direta ou pela batida divertida, Stranger than Fiction surge como um álbum diferenciado do que vimos no Hip Hop Independente de Tyler, ou no mainstream de Kanye e Jay-Z, e mostra um MC capaz de diferenciar a sua voz com um facilidade impressionante. No entanto, algo ainda parece faltar para que chegue ao estrelato necessário, mas isso vêm com o tempo através de um maior conhecimento de suas capacidades e valências.

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BOM PARA QUEM OUVE: Tyler, The Creator, Jay-Z, Kanye West
ARTISTA: Kevin Gates
MARCADORES: Hip Hop

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.