A história de Mikaela Straus possui um par de episódios um tanto inusitados em relação ao seu primeiro single, 1950. Vêm dele os versos “I hate it when dudes try to chase me, but I love it when you try to save me”, repetidos por duas das personalidades mais influentes do Instagram ao redor do globo: Harry Styles e Kourtney Kardashian. Não à toa, a exposição catapultou o nome King Princess para longe do anonimato, promovendo também este seu primeiro EP, Make My Bed. Ainda assim, essa não é a questão mais interessante sobre seu trabalho.
Como as cinco faixas do disco mostram, sua musicalidade trabalha as referências do Indie dos últimos anos com estruturas – ou mesmo “intenções” – bastante Pop. Tem a ver com o vocal acompanhado do piano no começo da própria 1950 ou com a introdução de Holy, que pode te lembrar de Lorde a Selena Gomez, Taylor Swift e outras cantoras comuns ao grande público.
Essa familiaridade sonora dá um novo potencial de alcance à sua música, que poderia, ainda em 2018, encontrar algumas barreiras pelos temas homossexuais que ela carrega. Além daqueles versos popularizados pelos famosos, ela canta em Talia “If I drink enough/I can taste your lipstick” e descreve um momento de intimidade entre duas mulheres no refrão de Holy – o tipo de conteúdo que ficou confinado no meio Alternativo por anos.
Melhor ainda é notar como King Princess dialoga com propriedade tanto os referenciais pertinentes ao mainstream quanto a guitarra e o baixo mais demarcados (Upper West Side, a melhor do EP, é o melhor exemplo disso), contrastando também com a influência Eletrônica dominante na música Pop de hoje. O que Make My Bed mostra é que a artista sabe organizar todas as suas características, em estética e em mensagem, para espalhar sua música por aí. E nós aqui ouvimos satisfeitos.
(Make My Bed em uma música: Talia)
