Resenhas

Kings Of Leon – WALLS

Banda demonstra vontade em fazer boa música, mas entrega álbum linear e sem muita personalidade

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Ano: 2016
Selo: RCA Records
# Faixas: 10
Estilos: Rock, Indie Rock, Southern Rock
Duração: 42'
Nota: 2.5
Produção: Markus Dravs

Chega a ser cansativo falar seriamente de Kings Of Leon e ser obrigado a citar a transição que o quarteto fez ao longo dos últimos anos de Indie Rock americano sulista para Rock pasteurizado de grandes arenas. O problema é que a própria banda parece fazer questão de ressaltar isso a cada lançamento, a cada momento tentando de uma forma diferente justificar por que não estão satisfeitos com o trabalho que estão realizando. Em WALLS, sétimo álbum do grupo, não foi diferente.

O discurso aqui é de terem deixado de ser uma banda de verdade e terem se tornado apenas sócios, parceiros de negócio. Começaram a viajar para as turnês em carros e aviões separados e se encontrar uma hora antes dos shows. Egos inflados e problemas com alcoolismo alimentaram brigas e, obviamente, não ajudaram a criatividade deles como compositores. Ao voltarem para o estúdio em que começaram a carreira na tentativa de resgatar a amizade que diziam ter perdido, a ideia era reviver a vontade de fazer música e voltarem a ser a banda que eram antes.

WALLS talvez seja o melhor disco recente da banda, já que tem alguma coesão e parece não faltar vontade em fazer boa música. Mas o que descobrimos já na primeira faixa e single da obra, Waste A Moment, é que essa vontade basicamente foi traduzida como “fazer mais barulho” e ficou claro que a banda que eles queriam resgatar não era aquele Rock Independente de Nashville que chamou atenção dos fãs de música lá no começo. A vontade deles era dar um pouco mais de agressividade à banda grandiosa que se tornaram após Only By The Night, lotando arenas e festivais pelo mundo.

Ao mesmo tempo em que Kings of Leon parece sempre se apoiar na personalidade da voz de Caleb, sem demonstrar muita identidade no som que fazem, estes singles grandiosos e agressivos – que lembram Foo Fighters em alguns momentos – que dominam a primeira metade do disco não valorizam este mesmo vocal como deveriam. Find Me talvez seja o melhor exemplo de tudo isso. Não é uma faixa ruim, mas tem uma guitarra genérica, bateria mais ainda e o vocalista apagado no meio de tudo isso.

A suingada Muchacho e a lenta Conversation Piece se destacam claramente por conseguirem justamente evidenciar qualidades da banda como a rouquidão de Caleb e uma aproximação maior do Country com que já flertaram em algum momento de suas carreiras.

A impressão aqui é de ainda estarem aprendendo a lidar com o conflito mais velho do Rock. Como manter a ideia romântica de ter uma banda com o fato de agora serem milionários amados por milhões de pessoas ao redor do mundo. Fato é que as poucas bandas que parecem ter lidado bem com isso, agem de forma muito peculiar, seja se expondo menos, diminuindo o número de turnês e fazendo pausas mais longas entre um disco e outro. Kings Of Leon tem lançado um disco a cada dois ou três anos e intercalando tudo isso com turnês extensas, festas e pouca disciplina.

Os Followill talvez tenha chegado com WALLS no estágio clássico de bandas de Rock popular americano. Fazer um som que mantenha sua fórmula de sempre e continue agradando seu público menos exigente. Se alinharem seu discurso às suas atitudes e pararem de dar esperança para os fãs de que voltarão a ser o que hoje parece muito distante, não há problema algum. Só que enquanto se mostrarem constantemente insatisfeitos com o próprio trabalho, mas ainda assim continuarem entregando este Rock grandioso a granel, continuaremos esperando algo a mais da banda.

(WALLS em uma música: Find Me)

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Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.