Resenhas

Koffee – Gifted

Disco de estreia da jovem artista jamaicana explora a face mais pop do reggae em celebração de otimismo contagiante

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Ano: 2022
Selo: Promised Land Recordings
# Faixas: 10
Estilos: Pop, Reggae, Afropop
Duração: 28'
Produção: Dane Ray, Ging, iotosh, JAE5, Koffee, Nathaneal “Nvtzz” Brown e PrexyJ

O sol brilha mais forte enquanto Gifted toca. Em seu primeiro álbum, a jamaicana Koffee promove uma enorme celebração à vida – em contraste ao momento pandêmico que o mundo atravessa – e à sua ancestralidade africana. Isso se dá em versos, arranjos e, acima de tudo, em um clima caloroso que atravessa toda a obra.

Lançado em duas versões – uma regular e uma deluxe –, Gifted parece ter sido feito sob medida para carregar a potência da voz de Koffee (que, como sua biografia nas plataformas de streaming conta, faz a cantora parecer muito maior que seu 1,52 m de altura), com muita personalidade no timbre grave e, ao mesmo tempo, levemente anasalado. É fácil prestar atenção enquanto ela relembra situações cotidianas acompanhadas de sorrisos e faz questão de convidar à dança com naturalidade até o ouvinte mais tímido.

Seu vocal, tão apropriado para o reggae, aproveita também o momento caribenho pelo qual passa o pop em todo o globo, e o que a cantora trabalha aqui é um grande refinamento dessa vertente. Com isso, “Pull Up”, um dos singles principais do álbum, ganha contornos eletrônicos na medida certa para dialogar com a produção atual, sem abrir mão de sua personalidade, enquanto os números de  “Lockdown” no streaming mostram que a música encontrou seu lugar certo como “hit”.

Aqueles mais distantes do pop também têm com o que se encantar em Gifted, com grande destaque para as escolhas de timbres tão certeiras. Mesmo instrumentos tão comuns, como o baixo em “Run Away” e a guitarra de “Shine”, chamam a atenção por seus usos, por como são projetados dentro das canções, e nos relembram que a maestria está no bom uso daquilo que é comum, mais do que em buscar novos recursos para as músicas.

A maior prova disso é o piano em “Lonely”, que traz um arrojo nem sempre comum a uma produção que quer se comunicar com o pop de cunho caribenho. Deixando os beats eletrônicos de lado, a faixa evidencia desde os segundos iniciais, com o som do chimbal, que é uma produção feita com banda completa e instrumentos orgânicos. Cercada de outros músicos no estúdio, Koffee sabe animar da mesma forma que interpreta suas canções com as batidas de um DJ ao fundo.

É daí que notamos que o fio condutor de todas as faixas é mais do que o vocal da cantora, mas a alma de toda a obra – um sopro quente e de cores fortes que causa todo um verão sempre que colocamos o disco para tocar. Até o fim de sua audição, toda a experiência é sempre embalada pelo refrão que encerra “X10”, a faixa de abertura: “I’m glad I woke up today”.

(Gifted em uma faixa: “West Indies”)

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ARTISTA: Koffee

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.