“The left side of my mind is always right” canta Shannon Cruz no início da faixa 1-5-9, um jogo de palavras que simboliza a luta e a comunhão entre os hemisférios do cérebro na hora de compor uma música: o esquerdo, lógico e analítico, e o direito, passional e criativo. A metáfora parece servir muito bem à essência de Koi Child, uma banda formada por outras duas que, por sua vez, apostam em dois estilos musicais igualmente criativos e cabeçudos.
Koi Child, portanto, é o álbum de nascimento de uma banda australiana de sete integrantes, formada pela comunhão entre o Hip-Hop de Child’s Play e o Nu Jazz de Kashikoi. Para engrossar esse caldo, vale apontar que a fusão entre ambas as bandas se dá graças à sugestão de Kevin Parker (Tame Impala), um sujeito, por sua vez, tão ou mais criativo e cabeçudo que a união de todos os projetos mencionados até agora.
Koi Child é uma viagem de quase uma hora de duração, dividida em 14 faixas, que aponta um grupo de jovens que parecem desafiar uns aos outros em proficiência e criatividade. O grupo segue a trilha de exemplos do Hip Hop embasados no Jazz (ou vice-versa) como The Roots, Nas, Kendrick Lamar, ou mesmo qualquer nome novato associável ao trio BadBadNotGood.
Contudo, como todo super grupo no qual a faixa etária de seus integrantes beira os vinte anos, Koi Child exibe uma energia e uma vivacidade muito próprias, além de, é claro, sustentarem uma energia solar bastante, digamos, australiana, fomentada pelo seu psicodélico produtor. Além disso, a banda soa cool e atraente, por estar situada, ao mesmo tempo, em uma linhagem criativa consagrada da música negra – o Jazz e o Hip Hop – e em um dos cenários com mais visibilidade da música alternativa atual – a Psicodelia e, novamente, o Hip Hop. Estamos de olhos abertos e ouvidos atentos.
(Koi Child em uma música: 1-5-9)