Resenhas

Laura Mvula – Sing to the Moon

Primeiro álbum da cantora trabalha bem referências musicais de outras épocas sem perder sua alma e seu potencial orgânico

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Ano: 2013
Selo: RCA
# Faixas: 12
Estilos: Soul, R&B, Pop
Duração: 49:25
Nota: 4.0
Produção: Steve Brown

Nem sempre sou muito simpático àqueles que só tentam reproduzir um formato antigo (para chamar de revival, “resgate” ou como for) e menos ainda aos artistas que se concentram tanto no exercício estético que deixam o conteúdo de lado. Entendo que é a opção deles, mas é também a maneira que entendo o fazer artístico.

A situação é outra quando o assunto é Laura Mvula. Tenho pra mim que as melhores obras, no sentido formal, costumam ser aquelas que reconhecem a herança que o passado nos deixou de uma forma assimilada naturalmente, integralmente – e é isso o que a moça promove com seu primeiro álbum, Sing to the Moon.

Ele contém as quatro faixas de seu She EP e outras oito da mesma qualidade, ainda que apresentem novas nuances ao seu som rico e bem preenchido. Laura reúne em cada uma das canções diversas maneiras já consagradas de uma maneira ou de outra na forma de se fazer música.

Cada uma possui uma progressão interessante e envolvente. Lembram trilhas de filmes hollywoodianos antigos e cantos de culturas africanas mais antigos ainda, com vocais poderosos em harmonias e um ritmo muito demarcado mesmo nas faixas sem percussão.

Algumas das músicas causam bastante impacto instantaneamente, caso da abertura com a tríade Like the Morning Dew, Make Me Lovely (espetacular, por sinal) e Green Garden. Elas estão no lugar certo para o ouvinte já entender logo cedo qual é a da cantora e nos conquista facilmente a atenção para ouvirmos até o fim, quer você conheça ou não as músicas que estavam no EP – aqui devidamente misturadas às outras.

Laura soa angelical em Can’t Live With the World e na música que batiza a obra, duas faixas que, assim como o single Father Father, emocionam com a crueza processada, um som que parece orgânico e sintético na mesma medida – natural na alma e bem produzido por fora.

E esse é o maior triunfo da artista, conseguir criar uma identidade que não parece falsa, utilizando ótimas composições muito bem arranjadas e executadas. Seu maior porém é não ser um disco para qualquer hora, já que uma audição muito frequente pode torná-lo cansativo. Mas tenha-o sempre à mão, porque não será raro querer ouvi-lo de vez em quando.

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BOM PARA QUEM OUVE: Regina Spektor, Jessie Ware, Jacob Banks
ARTISTA: Laura Mvula
MARCADORES: Pop, R&B, Soul

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.