Resenhas

Les Sins – Michael

Chaz Bundick (Toro Y Moi) mostra novo lado de sua produção em projeto mais dançante

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Ano: 2014
Selo: Company Records
# Faixas: 11
Estilos: House, R&B, Funk
Duração: 40:11
Nota: 4.0
Produção: Chaz Bundick
SoundCloud: /tracks/169899583

Les Sins é um projeto de Chaz Bundick, mais conhecido como criador de Toro Y Moi e como um dos pais da Chillwave. Em 2009, quando o produtor dava seus primeiros passos na música Eletrônica e no estilo que seria pioneiro, seu modus operandi se diferenciava bastante do que é visto hoje em dia. Se agora o músico é acompanhado de uma banda – o que pode ser visto no álbum Anything in Return (2013) e em sua turnê, que passou pelo Brasil em 213, no Lollapalooza -, tudo era inteiramento produzido no começo pelo músico em seu quarto. Seu primeiro álbum com o novo pseudônimo marca a volta de Chaz a esse lado da produção solo e caseira e mesmo a flertar com os estilos mais dançantes que permeavam sua música no começo de carreira (e vistos em EPs como Sides of Chaz (2010) e Freaking Out (2011)).

Michael foi gravado há pelo menos dois anos, porém lançado somente agora. Ao que tudo indica, foi produzido na mesma época em que Anything In Return ganhava vida e o que faria sentido, visto a semelhança de algumas faixas ou mesmo do clima mais bailante das duas obras (e a balada Do Right parece ser o ponto de intersecção entre elas). Mas não pense que o que veio parar em Les Sins é o “resto” desta obra de Toro Y Moi ou que as onze faixas que compõem o disco não foram boas o suficiente para aquele álbum. Ainda que guardem alguns pontos em comum, as obras são bem divergentes. Enquanto Chaz segue um caminho mais Pop em seu terceiro álbum como Toro Y Moi, o produtor parte para um caminho bem mais permissivo e experimental em Les Sins.

Como fundação para seu segundo projeto, o músico se apega a elementos vindos da House, Hip Hop, R&B dos anos 90 e até mesmo um pouco do Dubstep (em Call) – um pouco do que também foi visto em Anything In Return, é verdade. De certa forma, Les Sins é um projeto mais “extremo” e leva essa musicalidade que sempre influenciou Bundick para outros caminhos que fujam daquele groove corriqueiro em Toro Y Moi. O resultado é visto em faixas como a hipnótica Bother (com seu tempero House, vocal recortado e elementos em loop), Minato (com sua estética Deep House e com sintetizadores em timbres mais sombrios), Bellow (com um quê do sedutor Trip-Hop) ou mesmo na ótima Why (melhor faixa do álbum e que ganha o acompanhamento vocal de Nate Salman em um Funk Pop pegajoso e encantador). No geral, Michael é um ótimo álbum, ainda que sem inovações.

Algumas conclusões podem ser tiradas após a audição da obra. A primeira e inevitável é que Chaz Bundick é um músico sensacional e que demonstra grande sensibilidade em explorar novos territórios e ainda assim manter sua grande acessibilidade. Outra conclusão é que essa obra segue à risca o significado pleno de “álbum”, no sentido de colecionar faixas (as mais diversas possíveis, no caso) e emoldurá-las sob um mesmo nome. A terceira é que, a partir de agora, não devemos mais pensar em Les Sins como um projeto paralelo do nome por trás de Toro Y Moi, mas como um projeto independente e tão bom quanto a banda que fez a fama do produtor.

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BOM PARA QUEM OUVE: Daphni, Caribou, Toro y Moi
ARTISTA: Les Sins
MARCADORES: Deep House, Funk, House, Ouça, R&B

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts