Não há nada melhor do que gravar um disco de forma caseira, principalmente se for dentro de seu quarto. A familiaridade com um ambiente dá ao disco um tom extremamente interior, ou seja, o que se escuta é o mais profundo que você poderá estar da realidade do compositor. Exemplos como Flying Lotus e Bon Iver, normalmente, vem à cabeça do leitor quando este tipo de composição e gravação é mencionado, porém, o novo lançamento do curitibano Claudio Romanichen relembra que o cenário brasileiro também pode expor este tipo de relação, produzindo um disco que evidencia as influências de Lindberg Hotel e o mundo em que Claudio está inserido.
Lindberg Hotel II é o segundo disco do projeto, que tem participação de Eduardo Ambrosio nas guitarras e programações. Seguindo por uma linha mais Shoegaze, Claudio deixa clara a preferência por uma mixagem Lo-Fi, privilegiando as frequências mais barulhentas e timbres de guitarra mais estridentes. O disco transita entre composições mais rápidas, lembrando o primeiro de Yuck, assim como faixas mais amenas que beiram o Folk, mas não deixam de comunicar a influência clara que o Shoegaze tem na formação de Claudio. A exploração contínua de timbres específicos para cada faixa confere uma personalidade única a cada faixa, tornando o trabalho mais fluido e coeso.
Claudio também mostra que a produção caseira é uma grande aliada e não se comporta com um empecílho quando se deseja produzir um disco. Ainda que haja um pouco da estética Lo-Fi envolvida na discussão, Lindberg Hotel II mostra como Claudio arquiteta os timbres, arranjos e percussões em prol da unidade do disco, ou seja, embora cada faixa tenha um ar único, elas não se distoam entre si, causando no ouvinte a sensação plena de que estamos totalmente imersos no pequeno e reverberante universo de Lindberg Hotel.
Com um disco que nitidamente evolui de suas obras passadas, Lindberg Hotel afirma seu talento como um produtor e deixa seu nome marcado para ficarmos de olho em futuras produções no ano que vem.
Uma porta de entrada para atordoante e calmo mundo de Claudio Romanichen.
