Estou cá ouvindo Season High, este que é o quinto álbum da banda sueca Little Dragon, em uma manhã de primavera. Aqui no hemisfério norte, faz um frio ameno e o sol a esta hora do dia provoca um tom rosado na atmosfera. Por acaso, esse é o clima ideal para se ouvir o trabalho do quarteto veterano liderado por Yukimi Nagano, já que sua voz doce embala uma sonoridade tranquila, composta por pinceladas eletrônicas, que me lembram muito um longíquo e melancólico Röyksopp.
Como ficou óbvio, a primeira impressão de Season High bateu muito bem para mim, no entanto, é fácil entender que qualquer audição fora deste contexto possa soar um pouco tediosa. Momentos de maior clarividência melódica se intercalam a intervalos arrastados que parecem dizer pouco (sendo a faixa Butterflies o melhor exemplo dessa característica que percorre o álbum como um todo).
Sendo uma banda que despontou como participante em projetos de peso – Little Dragon já figurou, do lado da música Eletrônica, ao lado de nomes como Gorillaz, Kaytranada e SBTRKT, e do lado do rap, ao lado de De La Soul e Big Boi -, o grupo parece recusar qualquer interferência externa em seus álbuns propriamente ditos, inclusive o no que diz respeito a concessões estéticas: a banda permanece fiel ao que quer fazer, mesmo que isso soe pouco convidativo a ouvidos não tão acostumados a nuances sutis do Pop Eletrônico.
Vale dizer que isso que vai contra o status quo contemporâneo, no qual a ansiedade impera e batidas lentas parecem ser admitidas apenas em favor da sensualidade noturna do Pop. Season High é mais morno do que isso, admitidamente: em dez anos de carreira, Little Dragon insiste em fazer música para ser curtida em pequenos intervalos de devaneios cotidianos.
(Season High em uma música: Butterflies)