AGE 101: Drop X é uma celebração em diversos sentidos. O EP comemora não só um ótimo ano para a prolífica rapper inglesa Little Simz, como também seu décimo lançamento (por isso o “X”). O compacto foi lançado de surpresa pouco antes do fim de 2015 e ganha uma carga bem reflexiva, bastante comum nestas épocas de encerramento de um ciclo e começo de um novo. O finado ano trouxe uma ótima surpresa a quem acompanha de perto a carreira ascendente desta artista de apenas 21 anos, trouxe uma obra capaz encerrar um capítulo muito bem, ao mesmo tempo que cria expectativa para os próximos.
Mais desconcertante que pensar que ela tem ainda apenas duas décadas recém-completas de vida e já lançou quase uma dúzia de discos é pensar que a artista mantém um nível de qualidade bastante acima da média em todas elas. Com este EP, não é diferente. A régua continua alta e a qualidade da obra surpreende em seus pontos altos, que podem lembrar um pouco do que foi visto em seu disco de estreia, A Curious Tale of Trials + Persons, lançado em setembro. Mais uma vez, os variados subgêneros de Rap comungam com estilos mais brandos, que vão do Pop ao Jazz, em uma mistura ora provocante, ora furiosa. Mais uma vez, ela não se delimita por isso ou aquilo, mas usa tudo o que está a seu alcance para engrandecer sua música. Não à toa, ela disse em uma entrevista no ano passado: “Eu não sou uma MC do Reino Unido, sou uma artista”.
Esse lado artista de Simbi Ajikawo me parece surgir em sua obra pelo seu fruir dos estilos e por fazer música sem ter que se colocar em uma prateleira imposta pela Indústria. Um discurso que parece já há algum tempo perdido dentro do Rap, mas que Simz parece resgatar do passado e de seus ídolos sem necessariamente ter que emulá-los ou trazer uma demasiada carga de saudosismo. Assim como Isaiah Rashid e Mick Jenkins (que colaboraram com a rapper no EP), Little Simz é a nova cara do Rap e dá corpo a ele sabendo aliar o conteúdo de outrora sem necessariamente se apegar a uma forma (ou fórmula) específica.
