Essa não é a primeira experiência de Lou Barlow com um ukelele. O músico vem desde o segundo álbum com Dinosaur Jr., Living All Over Me (1987), buscando uma sonoridade específica com o instrumento. Em Apocalypse Fetish, ele finalmente a encontrou e o resultado, bom, não parece um ukelele.
A tensão das cordas deixam o som mais grave, portanto o som vindo dessa experiência não parece um ukelele, não pelo menos do jeito que estamos acostumados. Ao mesmo tempo, a forma com o que Lou toca o instrumento e os padrões de batida que ele usa só podem ser tirados dessas quatro cordas, o que cria misturas interessantes aos ouvidos. Lembra um pouco de suas primeiras produções Lo-Fi como Sebadoh.
E isso fica claro logo de cara com o primeiro single do EP, The Breeze. A simplicidade é o que mais chama a atenção aqui. Ver Lou fazendo “tanto, com tão pouco”. O resultado soa simples e apesar de ter uma cara mais “caseira”, é perceptível que ele usa de técnicas de produção que não seriam vistas em um disco como esse se fosse gravado há 20 anos. É um “Lo-Fi refinado” que fica evidente na música-título e em Pour/Reward.
Esse tom mais intimista do disco é retratado também letras, em sua maior parte falando das neuroses do músico e de seus problemas com mulheres, mais uma vez, parecendo que isso vem já algum tempo sendo buscado para “soar no tom perfeito”. Já a faixa-título fala de um apocalipse que nunca chega ou que já tardou demais em chegar – até por isso o recém-nascido na capa da obra.
O disco é curtinho (cinco músicas em 17 minutos) e funciona bem como EP. Duas faixas são boas (as duas primeiras), mas nada que impressione ou que dê vontade de ouvir um disco completo com coisas do mesmo tipo. No geral, o compacto parece mais uma forma de Lou completar uma tarefa que começou no fim dos anos 80, do que um álbum pensado para soar bem hoje em dia (como foi Defend Yourself, do Sebadoh, ou Give a Glimpse of What Yer Not, do Dinosaur Jr., por exemplo)
(Apocalypse Fetish em uma faixa: Apocalypse Fetish)
