Resenhas

Luscious Jackson – Magic Hour

Disco marca retorno de uma das bandas mais legais dos anos 90, com uma bela produção

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Ano: 2013
Selo: Independente
# Faixas: 10
Estilos: Rock Alternativo
Duração: 31:22
Nota: 4.0
Produção: Jill Cunniff

Você pode não lembrar ou não saber, mas Luscious Jackson é uma das bandas mais legais dos anos 90. Legais no sentido de “legalzinha”, “bacaninha”, sem desmerecimento algum, uma vez que suas integrantes, Jill Cunniff, Gabby Glasser e Kate Schellenbach, jamais imaginaram algo muito além disso. Esta noção de “banda pequena”, formada por pessoas que moram na nossa rua, sempre foi um dos grandes charmes do LJ.

Oriundas da mesma Nova York que deu origem aos Beastie Boys, as meninas do Luscious iniciaram a carreira justamente como a primeira banda a assinar contrato com o então recém-lançado selo dos BB’s, o Grand Royal, em 1993, através do EP In Search Of Manny. Demorou três anos para elas chegarem à fama, o que aconteceu com o disco Fever In Fever Out, que trouxe a mais que legal Naked Eye, faixa obrigatória em qualquer coletânea que pretenda trazer música dançante dos 90’s.

Com a produção insuspeita de Daniel Lanois, famoso por coordenar os discos do U2 pós-1984 ao lado de Brian Eno, Fever In Fever Out fez bonito nas paradas de sucesso e gerou um sucessor, Electric Honey, lançado em 1999. Se o foco era numa mistura amalucada de Hip-Hop, Pop e Rock dos anos 80, via Blondie, agora o LJ mergulhava mais a fundo no groove e investia numa sonoridade muito parecida com os caleidoscópios dançantes de outro sujeito atuante na cena underground da Grande Maçã, Beck. Grandes canções pequenas como Summer Daze, Sexy Hypnotists, Friends, Alien Lovers, and Space Diva, dão a exata noção do que essa guinada rumo à dança significa. Por conta de vários motivos, as meninas encerraram as atividades pouco depois do disco, amigavelmente.

Em 2011, o Luscious Jackson anunciou seu retorno. Como o mundo mudou muito mais que dez anos entre 2001 e 2011, as meninas resolveram investir num projeto financiado por fãs e esta é a origem deste Magic Hour, que parece feito numa dobra temporal, tamanho o sabor de mid-nineties que ele traz. Novamente está em cena o híbrido dançante, alternativo, rockinho, capaz de fazer todo o sentido ainda hoje. Canções deliciosamente tortas como #1 Bum, Show Us What You Got e So Rock On. Com a produção de Jill, o novo disco do LJ ganha em espontaneidade e leveza, configurando uma belíssima surpresa para quem pensava que as meninas haviam pendurado guitarra, baixo e samplers para sempre. A banda também anunciou o retorno aos palcos, começando no fim deste mês, com shows na Filadélfia e em Nova York.

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BOM PARA QUEM OUVE: Cibo Matto, The Breeders, Beck
MARCADORES: Ouça, Rock Alternativo

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.