Resenhas

Man Man – On Oni Pond

Um pouco menos experimental e trazendo o poder da voz de Honus Honus, grupo norte americano cria a sua obra mais Pop e madura

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Ano: 2013
Selo: Anti
# Faixas: 12
Estilos: Rock Alternativo, Indie
Duração: 45:50
Nota: 3.5
Produção: Mike Mogis

Man Man é conhecido pelo seu experimentalismo e utilização de diversos instrumentos em suas concorridas apresentações ao vivo. A excentricidade sempre chamou a atenção de ouvintes mas On Oni Pond surge como um exercício mais próximo ao Pop com diversas composições que abragem alguns gêneros distintos e acabam criando uma ligação entre a dança e a sua música.

Entretanto o disco não é necessariamente propício para uma balada mas sim à concertos. Faixas como End Boss abusam da percussão e dos instrumentos de sopro em favor de uma orquestração que tem sempre o vocalista Honus Honus como figura principal. Sua voz grave e curiosamente Pop tem ar de cantores antigos, aqueles que podem ser facilmente escutados em trilhas sonoras de Hollywood. No entanto, seu poder é cativante, algo muito bem demonstrado na cheia de Swing e Soul, Head On, uma balada muito bem acertada e cheia de emoção.

O hibridismo entre estilos surge em faixas como King Shiv, música fortemente dosada no Reggae e no Dub de raiz. O amadurecimento do grupo e a sensação de que estamos diante de pessoas muito mais velhas do que realmente são coincidentes com a voz ancestral de Honus. No entanto, temos espaço para um maior experimentação com sintetizadores mais expansivos sendo tocados e uma dose de psicodelia nas guitarras em loop. Deep Cover é linda e expressa bastante o folclore havaiano com seu Ukelele praieiro. A letra expressa um certo obscurantismo, “troubles will find you”, “deep cover is not a place is a state of mind” e demonstra uma melancolia pouco vista em todo disco.

Se existem momentos que aproximam o Man Man das pistas de dança, eles podem ser percebidos em Pyramids, Pop 44 certeiro que só não se torna mais radiofônico devido a sua transição letárgica. Loot My Body é outra canção grooveada que poderia muito bem ser discotecada por ai, no entanto, Honus rasga a voz seguindo o exemplo de vocalistas como Isaac Brock, do Modest Mouse, e a deixa muito mais pessoal e excêntrica como conhecemos. Instrumentos de sopro em delay, sintetizadores brincalhões e outras percussões fora da caixa acabam dosando o experimentalismo certeiramente.

A sensação que temos diante de On Oni Pond é que estamos escutando talvez o trabalho mais maduro do grupo americano. Preciso em suas composições, e desempenhando o básico com pequenos acréscimos experimentais, acabam destacando Honus ainda mais e tornando-o- a figura central e grande condutor do grupo. Sparks, a melhor faixa de todo disco, é a evidência que mesmo se mostrando elementar e menos inovativo, Man Man consegue desempenhar muito bem o que faz. A faixa é uma releitura da Surf Music dançante com sua guitarra base afada, solos delineados, backing vocals crescentes e uma bateria constante, ou seja, nada que nunca tenha sido visto por aí . No entanto, é uma das músicas mais viciantes do ano, e demonstra que as vezes menos é mais e com um vocalista tão potente e maduro assim, tais escolhas artísticas se mostram ainda mais acertadas.

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.