Resenhas

Marina Gasolina – COMMANDO

Sempre vinculada a bandas, cantora mostra segurança em disco solo que bebe diretamente da fonte do Surf Rock e do Punk

Loading

Ano: 2013
Selo: Independente
# Faixas: 10
Estilos: Surf Rock, Surf Punk, Rock Alternativo
Duração: 45:00
Nota: 4.0

Marina Ribatski (ou Vello) não é carne nova no açougue musical brasileiro, mas o “novo corte” dado para sua mais recente produção solo intitulada como COMMANDO ressoa como uma boa síntese de toda sua experiência no meio, com um certo resgate do que já fazia em formato readaptado e até mesmo surpreendendo, pelo bom uso de um novo gênero em suas mãos. A alcunha Marina Gasolina provém de seu apse na música brasileira, que derivou do trio Bonde do Rolê pela sua total inquietude desde sempre.

O grande desgaste de shows intensos e de sua própria voz abriram espaço para Ribatski se reencontrar num projeto acústico ao lado de Adriano Cintra, o Madrid, que teve também seu pequeno burburinho, ainda assim nichado, despertando prazer principalmente num público mais blasé. Antes mesmo disso, ela já se dedicava ao tal disco solo e esperava apenas o momento ideal para soltá-lo. Entre o seu lado mais contido e o mais agitado se desdobra COMMANDO.

Com produção de Daniel Hunt e do DJ Etienne Tron, a cantora mostra num rápido álbum de dez canções que apesar de beirar os 30 anos, ainda consegue ressoar – mesmo sozinha – como uma banda Punk de Riot Grrrls. O Surf Rock e as leves distorções acompanham Vello do começo ao fim do registro, que traz ótimos momentos como no pegajoso hit London Surf, Nature Calls e nas velozes Johnny Wet My Pants e Karamazov Syndrome. A presença de teclados fúnebres e sintetizadores dramáticos que assemelham-se ao Moog também encorpam o trabalho com as faixas No One Loves You (Like I Do) e Where The Wild Things Are.

Alguns momentos parecem se perder dentro do disco como um todo, como se as faixas parecessem soltas e desconexas, como na essencialmente eletrônica Leone e na extensa balada romântica e um tanto confusa The Waltz, The End, que aparentemente parecem duas músicas que se casam, mas estendem-se por dezoito minutos por algum motivo que talvez apenas Marina saiba.

Em seu universo particular, Ribatski compartilha mais uma das várias fatias de sua criatividade agressiva contraposta por momentos mais dóceis, resultando num material inusitado pela qualidade e que chacoalha as opiniões distorcidas sobre os momentos mais popularescos da cantora.

Loading

BOM PARA QUEM OUVE: FIDLAR, Kate Nash, Wavves

Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.