Resenhas

Markéta Irglová – Muna

Dimensão espiritual do novo trabalho soa muito bela, mas pode torná-lo um pouco cansativo

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Ano: 2014
Selo: -ANTI
# Faixas: 11
Estilos: Baroque Pop, Folk
Duração: 49:53
Nota: 2.5
Produção: Sturla Mio Thorisson

Markéta Irglová parece captar naturalmente as raízes espirituais do Folk com seu novo trabalho. A musicista, também conhecida por ser metade da dupla The Swell Season (aquela que ganhou um Oscar com o filme Apenas Uma Vez , de 2007), chega com um novo trabalho solo, desta vez intitulado Muna.

Nele, a dimensão religiosa (no sentido mais amplo da palavra) do contato com a natureza nórdica parece ganhar uma faceta musical. Tudo soa grandioso e, assim, canções orquestradas lideradas pelo piano com muitos coros de vozes fazem jus ao seu rótulo Pop Barroco. Tal dramaticidade, talvez, ausente-se apenas das letras, muito singelas e otimistas, que são como um banho de tranquilidade no ouvinte. Um provável reflexo da contemplação das paisagens idílicas de onde vive (a artista mudou-se para a Islândia, onde vive com a filha).

Todavia, com artifícios que sublinham suas intenções de criar uma experiência “espiritual”, como barulhos de sinos e paisagens sonoras (além, é claro, dos coros angelicais presentes durante a maioria do trabalho), Muna pode ser um pouco cansativo. As melodias, por sua vez, são Pop o suficiente para agradar logo à primeira vista.

Afinal, Muna segue a mesma linha do que foi visto no filme Apenas Uma Vez, exceto pela equipe escolhida para trabalhar em estúdio (e, se você conhece o filme, sabe como isso é positivo). O destaque vem ao final do trabalho, nas últimas três faixas, quando a dinâmica parece finalmente mudar: os arranjos se tornam mais discretos, é possível ouvir um violão, o ritmo se acelera e o volume da voz se atenua. Isso, é claro, sem perder a essência principal de Muna: sua dimensão espiritual.

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Autor:

é músico e escreve sobre arte