Resenhas

Massive Attack – Ritual Spirit EP

Retorno às origens e toques contemporâneos marcam a volta de pais do Trip Hop

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Ano: 2016
Selo: Virgin Records
# Faixas: 4
Estilos: Trip Hop
Duração: 17:00
Nota: 3.5
Produção: Robert "3D" Del Naja

Durante a década de 1990, a transição incerta entre séculos trouxe tons mais escuros à música como um todo. Grunge e Trip Hop são exemplos desse reflexo nas artes de forma geral enquanto marcas do determinismo que suas cidades “fundadoras” tiveram para seu surgimento: Seattle e Bristol, respectivamente, tiveram sua essência capturada através de ambos jovens nesses gêneros e, assim como a virada do século proporcionou diversas mudanças, seus representantes foram se diluindo no próprio pluralismo da música de forma geral – absorvidos por produtores e transformados e renovados.

A Música Eletrônica é um exemplo dessa transformação entendida na atualidade e a misturas entre samples, jazz e tempos musicais lentos em alguns de seus subgêneros são resquícios encontrados do Trip Hop. Logo, ouvi-lo se torna quase nostálgico através do lançamento do primeiro trabalho em seis anos de um de seus pais, Massive Attack. O icônico grupo de Bristol que soube transformar os elementos marginais da música negra e imigrante de sua região em uma linguagem eletrônica e densa retorna às origens no EP Ritual Spirit.

A volta ao passado poderia ser resumida às boas canções de abertura e encerramento que trazem de volta antigas parcerias. O rapper Roots Manuva e Tricky, colaboradores interligados a Massive Attack, aparecem em Dead Editors e Take It There – momentos que nos fazem voltar ao fim dos anos 1990 com animação. O clima soturno e nublado surge nas camadas graves e ruidosas de ambas as canções, realçando a capacidade do produtor, Robert Del Naja. O aspecto nostálgico de ambas as faixas foge um pouco de seu último trabalho, o contemporâneo e ótimo Heliogold, mas cria empatia nos primeiros momentos.

Se Massive Attack tornou-se uma referência em curadoria e colaboração, as duas faixas remanescentes mostram que Robert também mantém seu olhar atento ao que acontece ao seu redor. A frágil voz do novato Azekel é a escolha ideal para étnica Ritual Spirit, enquanto a escolha de Young Fathers para uma parceria em Voodoo In My Blood traz toques mais contemporâneos e interessantes à produção do EP como um todo. Em ambos os casos, as colaborações funcionam como uma parte adjacente ao grupo e mostram bom senso de seus produtores após um hiato pequeno em temporalidade, mas gigante em produções musicais. São produtos que se forçam a serem contemporâneos e acertam.

Após lançarem um aplicativo de remix para iphone e seu novo EP, Robert “3D” Del Naja e Daddy G prometem mais dois lançamentos para o ano: um disco e mais um EP. Logo, ouviremos mais de Massive Attack em 2016 do que nos últimos seis anos, e ,se Ritual Spirit era o termômetro para imaginarmos como seria esse retorno, podemos ficar tranquilos, porque não haverá desapontamento.

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BOM PARA QUEM OUVE: Portishead, Tricky, Thievery Corporation
MARCADORES: Trip Hop

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.