Resenhas

Matt Bianco – Hideaway

Novo registro de ex-membro da banda Blue Rondo A La Turk não consegue manter a qualidade vista em seu antigo grupo

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Ano: 2013
Selo: Earmusic
# Faixas: 12
Estilos: Pop, Rock
Nota: 2.0
Produção: Mark Fischer

Matt Bianco teve pequenos momentos de brilho na primeira metade dos anos  80. Os ingleses Danny White (teclados) e Mark Reilly (vocais) e o baixista brasileiro Kito Poncioni (morto em 2001) já tocavam juntos, há algum tempo, num grupo chamado Blue Rondo A La Turk, que teve vida curta. O trio se juntou à cantora polonesa Basia Trzetrzelewska formando o Matt Bianco. Em 1984 eles fizeram sucesso com o primeiro disco, Whose Side Are You On, no qual flertavam firmemente com ritmos brasileiros. Pode parecer pouco, mas Matt Bianco deu as caras nas rádios brasileiras com duas belas músicas: More Than I Can Bear e o sambinha de branco Half A Minute. Dava pra notar a beleza da voz de Basia e o jeito peculiar com que os sujeitos levavam sua própria versão do chamado “new bossa”, aquele contexto do início dos 80’s no qual algumas bandas empreendiam sonoridades inspiradas em light jazz e bossa nova em seus trabalhos. Everything But The Girl e Style Council são bons exemplos disso e o Matt Bianco corria por fora, digamos. Mesmo com relativa exposição, a banda se desfez logo após o disco. Em 1986, apenas Reilly e o tecladista Mark Fisher respondiam pelo grupo e lançaram o segundo trabalho, homônimo. Contrataram outra cantora, a inglesa Jenny Evans, que saiu logo após o lançamento do álbum. Enquanto isso, Basia e Danny White davam início a um relacionamento amoroso e uma carreira colaborativa com sucesso e abraço maior à bossa nova, personificado em discos como Time And Tide (1987).

Matt Bianco ainda teria fôlego para adentrar o mercado americano em 1988, quando lançou seu terceiro disco, Indigo, capitaneado pelo sucesso de Wap Bam Boogie, outrora um lado-B do início da carreira, devidamente repaginado com beats que flertavam com ítalo-house e europop em geral. Teve alta rotação na MTV e deu fôlego à carreira da banda, que, nos anos 90, sobreviveu graças a uma crescente audiência em países  asiáticos, sobretudo o Japão.  Este novo disco, Hideaway, segue a cartilha adotada a partir desse período, uma sonoridade de bom gosto, mas sem qualquer pingo de alma. O cover de You Are My Love do Liverpool Express, que abre o disco elimina toda a beleza do arranjo original e introduz à bela melodia um batidão típico de festas de gosto duvidoso em Ibiza ou lugares menos badalados. Outras canções como Medusa ou Cosmic Samba ainda tentam resgatar um pouco do espírito new bossa há muito perdido mas apenas resvalam em tentativas frouxas e as levadinhas de Falling ou a faixa título nos fazem lembrar de formações noventistas dignas do olvido  eterno, como Londonbeat, por exemplo, enquanto a balada It’s Just The Way It Goes segue a cartilha do “bonitinha mas ordinária”. 

Hideaway substitui definitivamente a leveza dos primeiros anos da banda por uma maçaroca sonora insípida, falsamente chique, resvalando para o pastiche. Uma pena. 

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ARTISTA: Matt Bianco
MARCADORES: Pop, Rock

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.