Resenhas

Men I Trust – Oncle Jazz

Com a adição de Emma ao, agora, trio canadense, a banda alça novos voos e não decepciona as altas expectativas que circundavam o lançamento de seu terceiro LP

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Ano: 2019
Selo: Independente
# Faixas: 24
Estilos: Indie Pop, Dreampop, Jazz
Duração: 1'11''
Nota: 4
Produção: Dragos Chiriac

Lá fora, Oncle Jazz foi um dos lançamentos mais aguardados do ano. Pelo menos é o que dizem veículos especializados como Fader e Gorilla Vs. Bear. O terceiro disco da banda canadense é o primeiro em que a vocalista Emmanuelle Proulx (Emma) acompanha o duo que começou essa história: o produtor e tecladista Dragos Chiriac e o baixista Jessy Caron. Amigos de infância, os dois criaram o Men I Trust em 2014. No ano seguinte, enquanto mexiam no Facebook, encontraram um vídeo estrelando a artista que viria ser a futura guitarrista e vocalista do grupo. Desde então, a parceria orgânica de todos esses elementos parece ser capaz de conquistar qualquer fã de Dreampop de qualidade por aí.

No caso de Oncle Jazz esse mix tem algumas especificidades interessantes. A primeira delas é a fusão do vocal suave de Emma à sonoridade oitentista, cheia de sintetizadores, da dupla. Estes, por sua vez, ora parecem timbres de guitarra, ora convocam seus ouvintes às pistas. É o caso de “Fiero Gt”, por exemplo. “Alright”, no entanto, mostra que, mesmo com todo o agito 80’s, ainda sobra um toque “jazzy” para todas as composições. As guitarras, aliás, marcam presença somente em duas opostas circunstâncias: ou aparecem calminhas na construção das bases de algumas canções, ou são superlativas e pontuam os momentos de destaque do LP.

Entre faixas já conhecidas do público (o hit “Tailwhip” e a etérea “You Deserve This” vieram antes do disco ser lançado), algumas músicas instrumentais esboçam a faceta mais ousada do Dreampop da banda (“Slap Pie”, “Poodle of Mud”). E, considerando que o grupo de Montréal representa um dos mais importantes e maiores expoentes do gênero, vale a pena prestar atenção dobrada nestes momentos. A cidade, por sinal, parece ter se tornado uma espécie de “Berlim das Américas”: antes do trio, de lá despontaram nomes como Mac DeMarco, Grimes, Tops, Homeshake, entre outros.

Ao longo das 24 faixas que compõem este LP, o trio investiga os limites do que cada um pode trazer para refinar o som da banda. Nesse sentido, a adição de Emma foi precisa e colaborou imensamente na expansão do que era a proposta inicial dos músicos. Suas letras escapistas, por exemplo, se complexificaram e rendem agora refrãos cíclicos sobre sonhos, futuro e o desejo (ainda presente) de ir embora: “Eu estou feliz como estou / Porque estou partindo”, canta-se em “Tailwhip”. Assim, ao mesmo tempo em que nos atravessa os ouvidos a sensação de que já escutamos algo parecido com isso, nada parece soar exatamente como eles. Provavelmente, o Men I Trust faz parte de uma nova geração pós-boom-do-Indie que está avançando para uma fase diferente: mais suave, desacelerada, mas com momentos dançantes pontuais. Apesar de contarem com a nostalgia para enriquecer o seu som, os integrantes, sem dúvida, foram capazes de polir essas referências abrindo espaço para o novo.

(Oncle Jazz em uma música: “Porcelain”)

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ARTISTA: Men I Trust
MARCADORES: Dreampop, Indie Pop, Jazz

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