Resenhas

menores atos – FIM DO MUNDO

Retorno da banda carioca alterna peso e leveza em jornada que vai do desamparo ao renascimento

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Ano: 2025
Selo: Deck
# Faixas: 15
Estilos: Rock Alternativo, Pop Rock
Duração: 44'
Produção: Gabriel Zander, menores atos

Após sete anos sem um novo disco, o trio carioca menores atos retornou com uma obra conceitual amarrada em três atos: Vazio, Em Demolição e Depois do Sol e da Chuva. A proposta do grupo é discutir um término de relacionamento e suas fases, lidando com temas como a sensação de estar preso num passado, ter que fingir normalidade quando se está no olho do furacão ou o medo de sentir esperança – e faz isso por meio de sonoridades que transitam entre o característico peso do rock alternativo e um pop rock mais acessível. FIM DO MUNDO é mais amplo musicalmente, com a banda se jogando de cabeça nos extremos – deixando o som pop quando é para ser pop e soando pesado e ruidoso quando o rock vira o norte da canção.

Depois do lançamento de Lapso, de 2018, a banda passou por algumas mudanças que acabariam transformando também sua sonoridade. Ricardo Mello, baterista de longa data, deixou do grupo, e Gustavo Marquardt assumiu as baquetas, trazendo novas dinâmicas e inspirações. Nesses período, o grupo lançou dois EPs que serviram como uma espécie de laboratório de ideias – Tropical Melancolia (2020), acompanhado do Zander, e Lúmen (2022), trabalho mais melódico e introspectivo. Além de testar novos caminhos com o público, esses lançamentos prepararam o terreno para o que seria o novo disco.

Nas letras, o vocalista Cyro Sampaio conduz o ouvinte por um turbilhão emocional, explorando o conceito de “fim do mundo” ao esmiuçar o término de um relacionamento e um possível recomeço, dada a natureza cíclica da obra. As 12 canções abordam vazio existencial (“pronto pra sumir”), desgaste emocional (“tudo no mesmo lugar”) e renascimento (“fim do mundo”), numa narrativa não linear. Até é possível ouvir cada um dos atos em ordens diferentes e colher novas interpretações para as canções e a história contada.

Musicalmente, FIM DO MUNDO repagina as possibilidades do menores atos, mas sem abandonar as raízes que cativaram os fãs. As linhas de baixo pulsantes de Celso Lehnemann continuam sendo um dos pilares do som (inclusive evocando Queens of The Stone Age e Royal Blood, em certos momentos), enquanto a bateria de Gustavo traz frescor e versatilidade – sem se esquecer, é claro, da guitarra melódica de Cyro. O registro, que ainda conta com as participações de Ale Sater (membro do Terno Rei) em “gravidade” e Rodrigo Suricato em “não tem mais verão”, se desenvolve num amplo misto de sonoridades que giram em torno do rock alternativo, navegando com naturalidade entre o peso e leveza.

(FIM DO MUNDO em uma faixa: “terremoto”)

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ARTISTA: Menores Atos

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts