Resenhas

Merchandise – After the End

Banda continua sua proposta nostálgica em um tempo que a maioria faz a mesma coisa

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Ano: 2014
Selo: 4AD
# Faixas: 10
Estilos: Post-Punk, Dream Pop, Rock Alternativo
Duração: 44:22
Nota: 3.0
Produção: Gareth Jones

Já faz um tempo que questiono um pouco o valor que o saudosismo tem na música atual. Lembra quando há pouco tempo era interessante ver uma banda nova fazendo um som de antigamente? Poucos anos depois, já tenho vontade de responder com pesar um “Poxa, sério” a cada vez que alguém me apresenta uma música assim, carregada de nostalgia, e que faz disso seu maior atributo, por melhor que ela seja.

Foi assim com este novo trabalho da banda Merchandise. After the End parece ter saudades de tudo: Das baladas breguíssimas de filmes na Sessão da Tarde, de grupos roqueiros que compunham verdadeiros hinos e de tudo aquilo que crescemos ouvindo nas rádios, salas de espera e especiais sobre outras novos clássicos. E isso não teria problema nenhum se esse não fosse o maior lugar comum da música feita hoje.

A banda da Flórida, contudo, tem uma carreira construída justamente em cima disso, o que ajuda a receber este seu trabalho com ouvidos mais receptivos, principalmente pela alta qualidade das composições aqui. Se menos artistas investissem em um som desses, imagino que gostaríamos ainda mais do disco.

Você ouve músicas como Enemy e Green Lady pela primeira vez e tem a impressão de que já escutou as duas em algum momento da vida. Se alguém me dissesse que Telephone, a mais simpática do álbum, foi um grande sucesso de vendas em 1987, eu não duvidaria nem um pouco. Não é difícil fechar os olhos e imaginar vídeos em VHS com cores desbotadas estrelados pessoas usando permanentes com roupas de cintura muito alta para qualquer uma das faixas.

A produção de After the End é de Gareth Jones, veteraníssimo do ramo, o que contribuiu tanto pra nostalgia, quanto pra qualidade das músicas. Com algumas pequenas surpresas nas faixas, como o fim de True Monument, o disco não vai te passar batido, mesmo se você só enxergue revivals.

É um álbum fácil de ouvir e de gostar e altamente recomendável para uma viagem em família, por exemplo – não tem como não gostar de músicas como Looking Glass Waltz, a mais bonita aqui. Ainda assim, fica o questionamento se vale a pena que a maior característica da música do nosso tempo seja imitar o passado. Já está ficando cansativo.

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BOM PARA QUEM OUVE: Morrissey
ARTISTA: Merchandise

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.