Cinco faixas e 33 minutos de duração. É assim que chega Totale Nite, terceiro disco de estúdio do trio Merchandise. Com sua mistura de Post-Punk e toques etéreos meio Shoegaze meio Dream Pop, a banda continua com suas faixas de longa duração e extensivas camadas que beiram o psicodelismo.
Com exceção da faixa título, que se apresenta como a mais animada do álbum e remete à sonoridade antiga, percebemos uma leve amenizada na intensidade das canções e uma maior carga emocional e etérea. Outro aspecto é a maior duração das músicas em relação aos discos anteriores, chegando a sete e nove minutos em três ocasiões. Um ponto que merece seu cometário é a questão da extensividade e prolongamento das camadas e por uma forte repetição vocálica, que podem desde envolver o ouvinte – assim atingindo a proposta da banda – quanto tornar a experiência maçante. Entretanto, vale ressaltar que mesmo com seus sete minutos e meio, Winter’s Dream – responsável por fechar o álbum – é a que se mostra mais bela e consegue trabalhar bem essa longa duração encerrando de maneira interessante a obra com um Noise de término repentino e abrupto.
No geral, o trio consegue executar uma boa musicalidade e com qualidade percebida ao somar fuzz e reverb em instrumentos tanto elétricos quanto acústicos, boa densidade nas camadas e toques curiosos, como a presença de elementos de Fusion Jazz como o uso de trompetes improvisados em partes finais das canções. Desse modo, assim como nos trabalhos anteriores, Merchandise se expõe de uma maneira interessante, com composições que transitam entre o etéreo e o psicodélico. Entretanto, as menções e comparações a Morrisey, The Smiths, The Jesus and Mary Chain ou New Order, que chegaram a aparecer devem ser bem cautelosas e limitadas apenas como influências do trio para sua construção musical, ou como referencial para que ouvintes das mesmas utilizem esse parâmetro para se aproximar e descobrir o bom som de Merchandise, e assim, principalmente, preservar a boa banda que é de pressões por comparativos.