Mew sabe o que está fazendo, e esperar quase seis anos para um novo lançamento significa ir com calma para encontrar o som que gostaria de tocar. No caso de +- (lê-se plus minus), a banda dinamarquesa fincou seus pés de vez no que parece ser o espírito mais contemporâneo dos últimos anos: O olhar nostálgico para uma estética questionável de outrora e uma maneira de reciclá-la para algo muito próprio de hoje em dia.
São muitos os termos que vem à mente na hora de ouvir o disco, com comparações que vão do lado mais Progressivo do grande Rock ao uso de sintetizadores na Psicodelia, passando também por subjetivismos dúbios, de “brega” a “megalomaníaco”. Acima de tudo, fica a sensação que Mew preferiu fazer algo envolvente a um álbum impressionante.
Não que todos esses elementos não chamem a atenção e deixem qualquer um quieto para ouvi-los melhor. A questão é que você escuta faixas como My Complications, com seu jeitão Indie, e encontra um acalorado refúgio por entre suas camadas – algo que os singles Water Slides e Satellites já denotavam.
Isso tem a ver com as próprias referências emotivas do ouvinte, que também, de uma forma ou de outra, cresceu em contato com essas vertentes do Rock, principalmente o que continuou atento ao que acontece no meio dito Alternativo (despojado demais para ser chamado de Vanguarda, desencanado demais para ser abraçado pelo mainstream).
É por isso que +-, mesmo longe de ser a grande obra pela qual Mew será lembrada, terá seu lugar carinhoso na memória dos fãs da banda e ainda poderá arrecadar-lhe um novo público que venha também preparado para dançar como se fosse o século 20.