Michael Angelakos é o homem à frente do fenômeno Indie pós-anos 2000 Passion Pit. Por isso, escutar o nome do artista significa imaginar uma sonoridade feita para pistas de dança, uma música de refrões contagiantes, explosiva e obcecada pela década de 80. No entanto, a virada para 2017 se aproxima, e com ela as festividades do Natal. Angelakos, como bom norte-americano que é, resolveu entrar na tradição de final de ano de seu país e elaborar um disco recheado de cânticos invernais que celebram o espírito natalino.
A aura de Merry Christmas, Mr. Fields, portanto, carrega tudo aquilo que podemos esperar do gênero, ou seja, canções mágicas, de pianos cintilantes, orquestras melodiosas e coros infantis, apegadas a uma nostalgia melancólica de “tempos melhores”, que celebram a “paz no mundo”, e inclinadas levemente em direção à cafonice. O projeto nasce como um álbum visual (acompanhe neste link), e é acompanhada de uma série de videoclipes gravadas na antiga escola de Angelakos, em Buffalo, no estado de Nova Iorque. Nele, podemos assistir crianças vestidas como adultos, evocando uma época pós-Segunda Guerra, que dublam as canções sob um filtro esfumaçado.
O projeto, inicialmente uma ideia de Brent Katz (Harlem Shakes) e da diretora Hana Haley, concretiza-se quando Angelakos se une ao time e decide elaborar um álbum que seja “uma resposta inspiradora contra o terrorismo, e que procure sanidade e unidade, ao invés de pânico e divisão”. Merry Christmas, Mr. Fields, afinal, compartilha, ao longo de seus mais de 40 minutos de duração, alguns momentos mais inspirados com outros que insistem na obviedade dos “guizos de Papai Noel”. Um álbum à moda antiga que se enquadra propositalmente em uma tradição específica e, com isso, acaba por ganhar uma dimensão conceitual: pretende rememorar o passado de nossa vida em sociedade a fim de imaginar um futuro melhor.
(Merry Christmas, Mr. Fields em uma música: Merry Christmas, Mr. Fields)
