Resenhas

Mikal Cronin – MCII

Rock garageiro do músico californiano ganha contornos amenos e graciosos em seu segundo álbum, abraçando uma sonoridade mais Pop e acessível

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Ano: 2013
Selo: Merge Records
# Faixas: 10
Estilos: Garage Rock,
Duração: 37:12
Nota: 4.0
Produção: Eric Bauer
SoundCloud: /tracks/84289495
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fmcii%2Fid601409150%3

Acho que quem conhece o extenso background musical de Mikal Cronin realmente não esperava por um disco como MCII (e eu certamente me incluo neste grupo). Ao longo dos últimos anos, o músico ajudou John Dwyer e seu Thee Oh Sees, entre outros nomes, a construir a fama da cena garageira californiana, sempre abraçando riffs abrasivos, muita distorção e grande cacofonia em seus registros. Seus dois últimos discos, um em colaboração com a Ty Segall Band (o barulhento Slaughterhouse), e seu primeiro álbum solo, autointitulado e lançado em 2011, não davam pistas do que viria a se tornar este. Desta vez, seguindo por um caminho mais Pop e com consideravelmente menos barulho, fuzz , distorção e outros elementos que preenchiam seus antecessores.

Não que Mikal tenha mudado completamente sua antiga sonoridade. Aqui ainda se vê bastante da vibe garageira e às vezes Lo-Fi, mas percebemos também o músico partindo para uma direção diferente, abraçando belas melodias e um novo senso de musicalidade que parece ter vindo do Power Pop. Logo na faixa de abertura, Weight, isso fica evidente. Enquanto o músico se apega a uma batida gostosa e simples, riffs grudentos e a uma melodia incrivelmente doce e acessível, as guitarras robustas e distorcidas trazem de volta um pouco do peso do Garage Rock. Esse tipo de mistura será visto em quase todas outras faixas do álbum, porém cada uma incorporando uma melodia diferente ou trazendo novos elementos (violino, piano, e até mesmo alguns solos de guitarra de seu velho companheiro Ty Segall) para a experimentação Pop de Cronin.

A dupla guitarra e violão é outro pilar sobre o qual se ergue MCII. Os instrumentos constroem uma parceria interessante: um apoiando o outro e guiando as belas melodias de Mikal. Durante as dez faixas, aparecem diversas dessas, apresentando-se nas mais variadas formas. Shout It Out é quase toda conduzida pela parte elétrica do duo, emulando ritmos veraneios (à la Best Coast) e constantemente mudando seu timbre. Já Peace of Mind tem a parte acústica como principal condutora. As guitarras aparecem ao fundo com singelos slides, quase inaudíveis, deixando o violino assumir seu papel, guiando a ponte e preparando a faixa para seu fim mais uptempo. Change também mostra novamente este belo encontro entre a tríade de cordas, porém adotando uma postura mais agressiva e condizente com os últimos lançamentos do músico.

Mais surpresas são encontradas em Don’t Let Me Go e na ótima Piano Mantra, músicas (quase inteiramente) acústicas que provam a consistência desta nova proximidade de Cronin à música Pop. É importante ressaltar novamente que em MCII não há uma completa cisão de sonoridade e sim uma musicalidade híbrida entre o Rock, vastamente experimentado pelo cantor e guitarrista, e essa nova acessibilidade de sua música, marcada, ironicamente, pelo maior número de elementos e construções instrumentais mais complexas. Esta é basicamente a mesma sonoridade construída por ele ao longo dos anos, porém vista por uma nova perspectiva – que consegue engrandecer os melhores atributos de Mikal e expô-los de maneira graciosa e amena.

Mikal Cronin – Weight

Mikal Cronin – Shout It Out

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BOM PARA QUEM OUVE: Thee Oh Sees, Ty Segall, Wavves
ARTISTA: Mikal Cronin
MARCADORES: Garage Rock, Ouça

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts