No segundo semestre de 2012 é que a dinamarquesa Karen Marie Ørsted resolveu além de dedicar-se a seu curso de artes iniciar de vez sua carreira solo como cantora Pop. A alcunha de MØ – carregada pelo significado “virgem” – vem como provocação ao gênero em que a própria se instaurou com os primeiros singles Pilgrim e Maiden, que chamaram atenção desde o início; tanto pelo seu desdobramento a referências eletrônicas sem perder a mão de traços autênticos, quanto pelos vocais que casam muito bem a refrões marcados.
Comparada logo no começo a nomes como Grimes e Lana Del Rey, os palpites precipitados cairam por terra: O single sucessor Waste of Time veio como ponte para uma mídia ainda maior ao seu redor e para que suas entrevistas concedidas a sites, jornais e revistas fossem levada em conta até por artistas maiores. Um exemplo disso foi revelar seu lado fã pela canção Get Free e o trabalho de Major Lazer e abrir uma porta para que Diplo chegasse até ela, produzindo a dançante canção que abre o EP Bikini Daze – XXX 88. O DJ que tem o estilo muito marcado pode ser considerado o padrinho de Karen de vez, já que a semelhança de seus sintetizadores que emulam metais casam de maneira muito coesa.
O válido a se ressaltar neste primeiro registro oficial de Ørsted é sua energia mais melancólica, que preenche possíveis lacunas que possam ter surgido como questionamento do público em Marie ser uma compositora apenas de hits demarcados pelos mesmos elementos. Freedom (#1) e Never Wanna Know são exemplos fiéis de faixas firmes e que deliberam letras apaixonadas e confessionais embebidas em versos grudentos e repetitivos, característica base do Pop.
Pra quem ainda procura por semelhanças a artistas, MØ vem como uma versão escandinava de La Roux menos redonda e que concede uma visão diferente de músicas para pista de dança, assim como pode ser associada a inquietude de Yelle, que emite também ao meio de suas canções frases soltas, quase como rimas, abrindo um caminho de espontaneidade e diversão que concede o diferencial a um trabalho.
Correndo a seu lado, Kate Boy e Chela brincam também com a música eletrônica em formatos parecidos e que tão são fora do circuito Reino Unido/Estados Unidos, mostrando o potencial original dos grupos “importados”. Resumindo, o fugaz compacto de Karen Marie é uma pincelada do que deve surgir a longo prazo, a projetando como uma interessante aposta a se nivelar a Lykke Li e cantoras do mesmo calibre.